Traduzida literalmente do inglês para o português, a simpática expressão Hang on to your hat quer dizer ;segure o chapéu!”. No sentido mais amplo, denota algo como ;esteja pronto para o que vier;. E, em um dos passeios mais bacanas para fazer em Barbados ; onde o aviso é feito bem no comecinho pelo guia Terry Jordan, da Island Safari ;, pode significar tanto uma coisa quanto outra. Isso porque, no tour de jipe que percorre a ilha, o vento vem forte no rosto, fazendo cabelos (e chapéus) voarem. Durante esse tempo, surgem surpresas de todos os gêneros: casas, cores, ruínas, plantas, bichos, máquinas, pessoas. Tipos incríveis percorrem as estradas de moto ou de bicicleta, pilotam tratores, carregam enxadas, brincam na escola ou simplesmente observam. Às vezes, acenam ou fazem o sinal da paz para quem passa.
Fazer o tour permite ainda conhecer uma forma de organização geográfica muito diferente daquela a que se está acostumado no Brasil. Os 430km2 do território (cujo formato lembra um pé com o calcanhar apontado para cima) são divididos não em estados, mas em 11 parishes. Ou, no idioma de Camões, em paróquias. Desse total, 10 têm nomes de santos: Saint Lucy, St. Peter, St. Andrew, St. James, St. Thomas, St. Joseph, St. Michael, St. George, St. John e St. Philip. Completa a lista Christ Church, ao sul de Barbados, que honra de outro modo a tradição cristã herdada dos colonizadores ingleses (1).
Depois de buscar os passageiros, o jipe sai da zona urbana rumo às paisagens rurais de St. George, no coração da ilha, onde ainda há resquícios do passado colonial nos casarões, nos monumentos ; como o grande leão branco construído em 1818, na Gun Hill Signal Station, como símbolo do poder militar britânico ; e principalmente nos canaviais. Trazidos do Brasil em 1637, os pés de cana-de-açúcar vingaram de tal forma que essa cultura tornou-se, por séculos, o motor da economia local. Vêm deles não só o açúcar, mas também a matéria-prima para o rum, bebida que tem a cara e o gosto de Barbados. Se a importância da cultura canavieira mudou pouco nesse tempo todo, a colheita sofreu um câmbio radical: hoje, 90% dela são feitos com máquinas, embora ainda se veja gente trabalhando de facão entre as fileiras verdes.
Macacos-verdes
A próxima parada é Joe;s River Forest, em St. Joseph, uma área preservada com 343km2 de floresta tropical e alguns exemplares impressionantes da banyan tree ; nome dado às figueiras que crescem amparadas em outras árvores. A partir desse ponto da viagem, torna-se mais fácil observar os macacos-verdes, trazidos nos navios negreiros vindos do Senegal e de Gâmbia, há aproximadamente 350 anos. ;Eles nunca andam sozinhos. Se você vir um, pode ter certeza de que há um bando próximo;, explica Terry Jordan. É bom avisar: os machos da espécie são agressivos. Portanto, nada de mexer com eles.
Quem não vir macaco selvagem na floresta provavelmente vai encontrar um bem domesticado na Praia de Bathsheba (ainda em St. Joseph), uma das mais famosas do lado leste da ilha (veja guia de praias na página 6). Ele faz pose, brinca e interage com todos que se aproximam. Mas, como seu dono cobra US$ 17 pela foto com o bichinho, que passa o dia fantasiado de artista de reggae, é melhor só dar uma olhada rápida e seguir adiante para observar o mar, as rochas e a feira de artesanato. Aproveite também para fotografar a paisagem e as casinhas da região.
Nos últimos momentos da primeira parte do passeio, três outros pontos merecem muitos cliques. O primeiro, na cidade de Speightstown, é a Marina de St. Charles, terceira principal porta de entrada no país (as duas primeiras são o Aeroporto Grantley Adams e o Porto de Bridgetown, respectivamente). E que porta! Iates chiquérrimos estão ancorados nesse cais, que emprega 100 pessoas e ainda chama a atenção pela arquitetura. Em segundo lugar, na mesma cidade, vêm as varandas coloniais, que se projetam na frente dos prédios. E, por último, mas não menos importante, a Praia de St. Alban.
Esse pedaço de areia a oeste de Barbados serve não só de ponto de partida para a parte aquática do tour, como também dá vida ao ideal romântico de quem visita a ilha. Isso porque ela tem areia branca fininha e água azul-bebê mais tranquila do que a de uma piscina. É linda, claro. Muito linda.
1 - Cultura escravagista
Em 1536, o navegador português Pedro Campos esteve na ilha caribenha e batizou-a de Barbados em referência às figueiras da região, cujas raízes aéreas trançadas lembravam os fios de uma barba. Apesar dessa passagem, os lusitanos não têm presença forte na história do país. Quem o colonizou foram os ingleses, que começaram a chegar em 1625 e estabeleceram fazendas de cana-de-açúcar, tabaco e algodão ; mantidas com o trabalho de escravos vindos da África.
Leia mais matérias sobre a ilha no caderno Turismo do Correio Braziliense