O iraniano Ali Vakili Rad, assassino do ex-primeiro-ministro do Xá, Chapur Bajtiar, foi libertado de forma antecipada nesta terça-feira (18/5) depois que o ministro francês do Interior assinou sua ordem de expulsou, deixou a França com direção a Teerã.
Ali Vakili Rad, que no meio da manhã deixou a prisão de Poissy, embarcou num avião da companhia Iran Air, que decolou rumo a Teerã.
A libertação de Rad reavivou na segunda-feira suspeitas sobre uma possível negociação entre Paris e Teerã para o retorno da francesa Clotilde Reiss, que ocorreu no domingo.
O ministro francês do Interior Brice Hortefeux anunciou na segunda-feira que havia assinado a concessão da expulsão de Vakili Rad.
A justiça francesa ratificou nesta terça-feira a libertação condicional do iraniano, condenado à prisão perpétua em 1994 na França pelo assassinato de Chapour Bakhtiar três anos antes.
Tendo cumprido a parte incompressível de sua pena, Ali Vakili Rad poderia ser libertado em cerca de um ano, mas sua libertação condicional só poderia ocorrer apenas se o Ministério do Interior ordenasse a sua expulsão.
Com todas as condições reunidas, Ali Vakili Rad pôde retornar rapidamente ao Irã.
Desde o retorno à França no domingo da jovem universitária francesa, detida no Irã durante dez meses por ter participado das manifestações contra o governo, as interrogações dessa possível negociação se multiplicaram.
No domingo, o presidente Nicolas Sarkozy evitou a polêmica, mas agradeceu "particularmente" aos seus colegas brasileiro, sírio e senegalês pelo seu "papel ativo" para a libertação de Clotilde Reiss.
De acordo com fontes diplomáticas, a intervenção do brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva teria sido determinante nestes últimos dias, enquanto o presidente senegalês Abdoulaye Wade reivindicou um papel central de mediador.
O porta-voz do Quai d;Orsay, Bernard Valero, desmentiu "categoricamente" qualquer ligação entre Clotilde Reiss e o serviço de inteligência francês, como afirmou nesta segunda-feira um ex-funcionário de inteligência.
No entanto, as autoridades não conseguiram abafar a polêmica. A imprensa se perguntou imediatamente sobre a existência de uma "troca" de presos, enquanto o porta-voz da oposição socialista, Beno;t Hamon, exigiu "transparência" do governo.
"Acho, como muitos franceses que provavelmente houve contrapartidas", declarou nesta segunda-feira o canal I-Télé, mencionando a prática de "negociações" em casos desse tipo.
Tanto Paris como Teerã desmentiram uma ligação entre a libertação da jovem e a de iranianos detidos na França, principalmente Ali Vakili Rad e Majid Kakavand, que Paris se recusou a extraditar para os Estados Unidos, apesar da coincidência de datas e do fato de Teerã ter vinculado esses casos várias vezes.
Majid Kakavand, um engenheiro iraniano, retido na França desde março de 2009, era acusado por Washington de ter fornecido a seu país componentes eletrônicos com possíveis aplicações militares. A justiça francesa recusou sua extradição no dia 5 de maio, permitindo que voltasse ao Irã quarenta e oito horas depois.
Seu retorno foi comemorado em Teerã como um elemento positivo para as relações bilaterais. Alguns meses antes, o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad havia comparado o destino de Clotilde Reiss e o dos iranianos retidos na França.
Nesta segunda-feira, o Ministério francês das Relações Exteriores reiterou a rejeição de um acordo por parte do chefe da diplomacia Bernard Kouchner, que afirmou no domingo que não houve "contrapartida" nem "retribuição".
"O caso Clotilde Reiss apenas atrasou a libertação de meu cliente", afirmou nesta segunda-feira à AFP o advocado de Vakili Rad, Sorin Margulis.