O governo da Tailândia rejeitou nesta terça-feira (18/5) os incessantes pedidos de cessar-fogo dos "camisas vermelhas" e descartou qualquer forma de negociação antes que se retirem de Bangcoc, onde os confrontos eram menos intensos do que nos dias anteriores.
Colunas de fumaça eram a prova de uma persistente tensão no bairro ocupado pelos manifestantes que exigem a renúncia do governo, mas não foram registrados confrontos similares aos dos quatro dias anteriores, que causaram a morte de 38 pessoas e mais de 300 feridos.
No entanto, o poder manteve nesta terça-feira um discurso de firmeza.
"A situação só poderá ser solucionada e só poderemos chegar a negociações quando os manifestantes tiverem se dispersado", avisou o ministro Satit Wonghnongtaey, excluindo qualquer diálogo.
Os "camisas vermelhas" aceitaram anteriormente uma proposta do presidente do Senado, Prasobsuk Boondej, de servir de mediador no caso de negociações.
"O primeiro-ministro (Abhisit Veijjajiva) se soma hoje ao princípio das negociações, mas estas, por duas vezes, fracassaram devido a ingerência de pessoas no exterior", respondeu Satit, acusando implicitamente ao ex-primeiro-ministro no exílio, Thaksin Shinawatra, ícone dos manifestantes e acusado pelo poder de atiçar os protestos.
O vice-ministro, Suthep Thaugsuban, também rejeitou a hipótese de um cessar-fogo. "É um absurdo. Os responsáveis pela segurança não disparam contra os civis. Os que disparam são terroristas", afirmou.
As negociações estão rompidas desde quinta-feira passada, quando o primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva anulou a proposta de organizar eleições antecipadas em meados de novembro, exasperado pelas exigências cada vez mais elevadas dos ;vermelhos;.
O Exército também se mostrou firme ao bloquear a "zona vermelha", com o objetivo de asfixiar os manifestantes, cortando a água, a luz e a distribuição de alimentos.
Mas eles seguiram protestando, protegidos por arames farpados, pneus com querosene e barricadas de bambus.
Nos bairros próximos, foram vistas cenas de guerrilha urbana desde quinta-feira à noite. Trinta e sete pessoas morreram, todos civis, com exceção de um soldado.
Os opositores homenagearam na segunda-feira o "general rebelde" Seh Daeng, que faleceu durante a manhã, quatro dias depois de ter sido atingido por um tiro na cabeça quando era entrevistado por um jornalista.
Quase 1.000 pessoas compareceram ao funeral de Seh Daeng em um templo budista de Bangcoc.
Seh Daeng, 58 anos, que tinha como nome de batismo Khattiya Sawasdipol, supervisionou as operações de segurança na "zona vermelha".
As autoridades, que negaram qualquer envolvimento na morte, o consideravam um traidor. Ele era acusado de ser o responsável pelas granadas lançadas em Bangcoc nas últimas semanas.
Ícone de muitos "camisas vermelhas", o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra falou das "horas trágicas" vividas por seu país e incentivou "todas as partes a saírem da beira do abismo e a iniciarem um diálogo sincero e real".