O Vaticano apresentará nesta segunda-feira sua defesa no caso dos abusos sexuais cometidos por um sacerdote a um tribunal do Kentucky (leste dos Estados Unidos), com o argumento de que os bispos não podem ser considerados funcionários do Vaticano, informou à AFP o advogado da Santa Sé.
"Essa ação judicial tenta considerar que o bispo de Louisville (Kentucky) é um funcionário do Papa. Eu digo que não é verdade", explicou Jeffrey Lena, que defende o Vaticano nos Estados Unidos, em entrevista por telefone à AFP.
Três homens que afirmam ter sido vítimas de abusos sexuais há várias décadas consideram que o Vaticano deveria ser considerado responsável, já que o bispo de Louisville não dencunciou os autores dos abusos.
No entanto, o Vaticano considera que as dioceses são entidades administradas de forma autônoma, e que sua autoridade sobre os bispos é somente de ordem religiosa. "O Papa não é um general que dá ordens às tropas. O Papa não tem os poderes de um rei", argumentou Lena.
"Essa jurisdição nacional (americana) não é competente para julgar o Vaticano ou o Papa, que é o chefe de Estado e o chefe da Igreja", afirmou, por sua vez, o diretor adjunto do serviço de imprensa do Vaticano, padre Ciro Benedettini.
Outros dois processos judiciais em curso, um em Wisconsin (centro do país) e outro no Oregon (oeste), tentam responsabilizar o Vaticano por casos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes nos Estados Unidos.