Independentemente da possibilidade de o Irã construir a bomba atômica, as potências não querem acordo com que envolva o direito daquele país do Oriente Médio de enriquecer urânio, na opinião do professor do curso de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Eduardo Vidigal.
;A bomba ainda não está no horizonte, mas a possibilidade de enriquecimento de urânio naquela região estabelece uma nova configuração política e é isso que a chamada comunidade internacional não quer;, comentou Vidigal.
Para ele, nesse novo contexto, países como Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha temem que fique provado o equívoco das sanções anteriores impostas pelo Conselho de Segurança da ONU a Teerã.
Com a mediação do Brasil ao lado da Turquia, o Irã fechou na manhã de hoje (17) acordo de troca de urânio pouco enriquecido pelo produto enriquecido a 20%. O acordo prevê que o Irã envie 1,2 mil quilos de seu urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 120 quilos de urânio enriquecido a 20% na Rússia ou na França. Essa quantidade seria suficiente para a produção de isótopos médicos em seus reatores, mas está muito abaixo dos 90% necessários para a fabricação da bomba.
O urânio enriquecido seria devolvido ao Irã no prazo de um ano e o acordo prevê que a troca acontecerá na Turquia sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica e vigilância iraniana e turca.
Para o professor Vidigal, o acordo marca uma disposição do Irã para o diálogo. ;Não temos nesse contexto um Irã que pode ser acusado de não estar disposto à cooperação. Temos um país disposto ao diálogo;, destacou o professor.
O professor avaliou ainda que o brasil avançou em termos diplomáticos por ter se posicionado com base no diálogo, sem ferir os princípios acordados com a comunidade internacional.