O acordo alcançado entre Irã, Brasil e Turquia não soluciona o problema de fundo do programa nuclear iraniano e o fato de que o Irã continua enriquecendo urânio, indicou nesta segunda-feira (17/5) o ministério francês das Relações Exteriores.
"Não nos enganemos: uma solução para o assunto (do reator de pesquisa civil iraniano) TRR não solucionará em nada o problema criado pelo programa nuclear iraniano", afirmou o porta-voz da chancelaria francesa, Bernard Valero, indagado pela imprensa sobre a possibilidade de frear o exame de novas sanções contra o Irã na ONU.
"O intercâmbio de urânio é apenas uma medida de confiança, um acompanhamento. O nó do problema nuclear iraniano é o prosseguimento das atividades de enriquecimento em Natanz, a construção do reator de água pesada em Arak, a ocultação da usina de Qom, as perguntas dos inspectores da AIEA que ainda não foram respondidas", precisou.
"Desde a proposta de outubro da AIEA" (Agência Internacional de Energia Atômica), destinada a tirar do Irã 1.200 kg de urânio levemente enriquecido para transformá-lo em barras de combustível para o reator TRR, "o Irã enriquece o urânio a 20%", destacou Valero.
"O Irã deve pôr fim imediatamente a essas violações constantes das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e do Conselho de Diretores da AIEA. Com esse objetivo preparamos em Nova York novas sanções com nossos interlocutores do Conselho de Segurança", explicou.
Pouco antes, o ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, afirmou que os "progressos bastante importantes" estão sendo obtidos no Conselho de Segurança da ONU a respeito das sanções contra o Irã pelo programa nuclear do país.
"Progressos na resolução nas Nações Unidas bastante importantes foram alcançados nos últimos dois dias", disse Kouchner, sem revelar detalhes.
Para o chanceler francês a AIEA é quem deve posicionar-se sobre o acordo assinado nesta segunda-feira por Irã, Brasil e Turquia, para a troca de urânio iraniano por combustível nuclear enriquecido a 20% em território turco.
"Não somos nós que devemos responder. É a AIEA", declarou Kouchner à AFP.
"Saudamos o acordo e a tenacidade com a qual nossos amigos turcos e brasileiros realizaram as conversações. Sempre é bom falar e sempre é melhor escutar", completou.