O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que a cooperação e a amizade venceram a pressão nas negociações do acordo firmado nesta segunda-feira (17/5) em Teerã para o envio de urânio iraniano levemente enriquecido para a Turquia, em troca do produto enriquecido a 20%.
A análise do chanceler é uma resposta ao governo dos Estados Unidos que lidera uma campanha internacional em favor da imposição de sanções ao Irã por desconfiar que seu programa nuclear esconda a produção de armas atômicas.
;Nós estamos conversamos de maneira respeitosa e com convicção com países em desenvolvimento que compreendem e sabem falar de uma maneira que não seja impositiva. A nossa linguagem não é a pressão. A nossa linguagem é de persuasão, de amizade e de cooperação;, disse Amorim, depois de fechado o acordo.
O acordo foi negociado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, além do primeiro-ministro da Turquia, Tayyiq Erdogan, durante as reuniões paralelas do G15 - o grupo dos 18 países não alinhados. Paralelamente, os chanceleres do Brasil, da Turquia e do Irã negociavam os termos do documento.
Pelo acordo firmado nesta manhã, o Irã vai enviar o urânio enriquecido a 3,5% para a Turquia. Em um prazo de 12 meses, deverá receber da Turquia o urânio enriquecido a 20%. O processo deve ser acompanhado por inspetores dos dois países. Com isso, as autoridades esperam que sejam encerradas as desconfianças em torno do programa nuclear iraniano.
O acordo, porém, deve ser ser submetido ainda à análise do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e aos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). Os dois órgãos avaliaram a execução prática dos termos negociados. Só depois disso, de acordo com especialistas internacionais, será possível encerrar de forma definitiva o impasse em torno do programa nuclear iraniano.