TEERÃ - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou neste sábado a Teerã para iniciar no domingo uma importante visita, considerada pelas potências ocidentais "a última chance" de o Irã evitar novas sações da ONU por conta de seu programa nuclear.
Lula chegou com uma delegação de 300 membros para uma visita de dois dias e foi recebido no aeroporto de Teerã pelo chefe da diplomacia iraniana, Manuchehr Mottaki.
Ele se reunirá no domingo pela manhã com o presidente Mahmoud Ahmadinejad e com o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.
As possibilidades de êxito na mediação brasileira foram consideradas pequenas por Estados Unidos e Rússia, enquanto o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, renunciou no sábado à viagem a Teerã alegando falta de compromisso por parte do Irã em uma proposta com o objetivo de chegar a uma solução.
Brasil e Turquia, membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU e opostos às sanções, propuseram convencer Teerã a fazer propostas concretas para sair da crise.
O enriquecimento de urânio por parte do Irã está no centro do conflito com a comunidade internacional, que teme que Teerã esteja tentando obter a bomba atômica, o que é negado pelo governo do país.
As grandes potências propuseram ao Irã que enviasse 70% de seu urânio levemente enriquecido para transformá-lo em combustível altamente enriquecido que o país precisa para seu reator de pesquisas científicas.
Invocando um problema de "confiança", o Irã rejeitou a proposta e disse que prefere uma troca simultânea ou por etapas em pequenas quantidades, feita em seu território, o que foi rejeitado pelas grandes potências.
Frente a essa negativa, o Irã lançou em fevereiro a produção de urânio enriquecido a 20%, o que acelerou a mobilização ocidental para adotar novas sanções por parte do Conselho de Segurança da ONU.
O Irã afirmou neste sábado que houve um acordo sobre a quantidade e o momento da troca de urânio, e se mostrou disposto a discutir o lugar onde a transação ocorreria, mas com garantias concretas, segundo as emissoras de televisão.
Assegurou também que receberá o combustível necessário para seu reator de pesquisa de Teerã, sem dar detalhes sobre como o país chegou a esse acordo.
A declaração foi divulgada horas antes da chegada do presidente Lula a Teerã.