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Sete pessoas morrem e mais de 100 ficam feridas em violências na Tailândia

Sete pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas em consequência de enfrentamentos registrados nesta sexta-feira, em Bangcoc, entre militares e manifestantes antigovernamentais, os chamados "camisas vermelhas".

Ao menos 37 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas desde que começaram os protestos em meados de março.

A violência desta sexta-feira na capital da Tailândia foi provocada por uma operação militar durante a manhã.

A eletricidade foi cortada na zona ocupada pelos manifestantes da oposição, os chamados "camisas vermelhas", no centro de Bangcoc, que está isolada pela polícia, informou o Exército.

O bloqueio é total na zona ocupada pelos "camisas vermelhas", disse o porta-voz do Exército, coronel Sunsern Kaewkumnerd.

Durante a noite, o estado de emergência, decretado em Bangcoc no inicio de abril, se estendeu para outras 15 províncias do norte e nordeste, reduto dos "vermelhos".

[SAIBAMAIS]As Forças Armadas já haviam anunciado a intenção de recuperar pela força o controle da avenida.

Os militares usaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes e um ônibus do Exército foi incendiado. Tiros também foram ouvidos no parque Lumpini.

"Os responsáveis por Bangcoc cortaram a eletricidade na zona de Ratchaprasong na noite passada", revelou o militar.

A crise se aprofundou na Tailândia na quinta-feira, com a decisão do primeiro-ministro, Abhisit Vejjajiva, de cancelar as eleições antecipadas e de enviar blindados para isolar o bairro de Bangcoc onde permanecem entrincheirados os "camisas vermelhas".

Um manifestante morreu e outros oito ficaram feridos em confrontos com as forças de ordem na quinta-feira em Bangcoc.

Um alto oficial tailandês que passou para o lado dos manifestantes, Khattiya Sawasdipol, também foi alvo de disparos e está hospitalizado em estado grave.

O militar, muito popular entre os manifestantes e encarregado de fato de suas operações de segurança no bairro que ocupam há dois meses, recebeu um disparo no peito.

O governo acusa o general Khattiya, de 58 anos, de ser um dos principais adversário da reconciliação.

A capital do país está afundada na violência, depois de 10 dias nos quais as negociações pareciam ter prevalecido entre o premier Vejjajiva e os líderes "vermelhos", ligados ao ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, atualmente no exílio.

Shinawatra pediu nesta sexta-feira que o governo retire as tropas das ruas e retome as negociações com os manifestantes.

"Acredito que uma solução política continua sendo possível na Tailândia, e o primeiro-ministro pode evitar que existam mais vítimas e pode salvar o país", afirma Shinawatra em um comunicado divulgado por seu conselheiro jurídico em Bangcoc.

Shinawatra governou a Tailândia durante cinco anos, mas foi deposto em 2006 por um golpe de Estado.

Os partidários dele protestam há dois meses contra o atual governo.