A quantidade de petróleo que está fluindo aos borbotões no Golfo de México de uma plataforma afundada da British Petroleum pode ser muito superior às estimativas iniciais, o que contraria informações recentes da Guarda Costeira americana de que a enorme maré negra está se fragmentando.
O alerta sobre um vazamento ainda maior do que o calculado inicialmente foi feito por especialistas, num momento em que os executivos da BP tentam minimizar o tamanho do vazamento.
Steven Wereley, um professor de engenharia mecânica da Universidade Purdue, declarou à Rádio Nacional Pública que a quantidade de petróleo derramada no mar é 14 vezes maior do que o oficialmente calculado (800.000 litros diários).
Wereley analisou o petróleo depositado no solo marinho a pedido da rádio usando uma técnica chamada velocimetria de imagem de partículas, que rastreia partículas e calcula a velocidade com que se movem.
Outro cientista, Timothy Crone, do Observatório Terrestre Lamont-Dohorty da Universidade de Columbia, analisou a mancha submarina de petróleo usando um método diferente, mas tirou conclusões quantitativas similares.
E Eugene Chiang, professor de astrofísica da Universidade de Berkeley, Califórnia, também deu uma resposta parecida às perguntas da rádio usando para fazer os cálculos apenas um papel e um lápis.
Por sua parte, o oceanógrafo da universidad estatal da Flórida Ian R. MacDonald, analisou a maré negra recorrendo a imagens de satélites e declarou ao New York Times que seus cálculos sugeriam que a mancha sobre o Golfo do México pode ser facilmente cinco vezes maior do que o originalmente avaliado.
Por outro lado, um oficial da Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou nesta sexta-feira que a enorme maré negra no Golfo do México está mudando sua forma e se fragmentando em manchas menores.
Mais de três semanas depois que uma explosão afundou uma plataforma de petróleo da britânica BP no Golfo do México, a maré negra ameaça as costas dos estados da Louisiana, Mississipi e Alabama.
"Temos informes da existência de pelotas de betume que podem ser tiradas manualmente, mas, nesse momento, a maior parte do petróleo está longe da costa", afirmou o almirante Thad Allen, da Guarda Costeira.
"Acho que a maré está mudando de forma. Não creio que continuaremos tendo por muito tempo uma grande maré", declarou durante uma coletiva de imprensa em Dauphin Island, Alabama.
Ele explicou que, quando o petróleo sobe à superfície, ele se separa em várias manchas. "Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Como se dispersa amplamente, é difícil de manejar, mas, ao mesmo tempo, o vazamento chega à costa em pequenas quantidades", acrescentou.
[SAIBAMAIS]A Guarda Costeira trabalhajunto com equipes da BP e outras companhias petroleiras para controlar a maré e proteger as linhas costeiras particularmente ;s frágeis pântanos da Lousiana, habitat de espécies ameaçadas de extinção.
Especialistas assinalam que o vazamento pode ser dez vezes mais intenso que as estimativas oficiais de 800.000 litros diários.
A plataforma Deepwater Horizon, dirigida pela petroleira British Petroleum, mas de propriedade da Transocean, sofreu em 20 de abril uma explosão que provocou seu posterior afundamento e a morte de 11 trabalhadores.
Os especialistas acreditam que a maré negra do Golfo já é o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos, e que ofusca a tragédia do petroleiro Exxon Valdez no Alasca, em 1989.