O grêmio de magistrados da Bolívia em Sucre (sudeste) declarou-se "em crise" ante a decisão do Conselho de Magistratura de "destituir de forma irregular" 22 juízes em todo o país o que, segundo analistas, poderia representar um novo episódio de politização da justiça.
O Conselho de Magistratura, entidade administrativa do poder Judiciário, teve três de seus quatro membros nomeados em fevereiro passado pelo presidente Evo Morales. "Vivemos uma situação de emergência pela destituição de colegas, de forma que o Conselho passe a controlar todos os cargos das diferentes cortes" de justiça, disse o presidente da Associação de Magistrados da Bolívia (AMB), José Armando Urioste, à AFP.
Assim - explicou - todos os juízes da Bolívia se mantêm em estado de alerta.
Ele denunciou que 22, de um total de 95 juízes das nove Cortes Distritais do país, foram afastados dos cargos, sem que fossem cumpridos os procedimentos legais. "Revistaram escritórios, puseram cadeados nas portas de alguns, tentando amedrontá-los", afirmou Urioste.
O Conselho da Magistratura justificou a medida em comunicado ao qual a AFP teve acesso: os afastados "não cumpriram os requisitos exigidos para o cargo, porque não se submeteram a exames de competência, como exigem as normas".