Israel anunciou nesta segunda-feira (10/5) a disposição de dar continuidade à construção, nos próximos dois anos, de residências judaicas em Jerusalém Oriental anexada, o que motivou protestos formais dos palestinos junto a Washington.
"É evidente que vamos prosseguir com o levantamento de casas nos próximos dois anos em Gilo, Pisgat Zeev, French Hill e outros locais", declarou à rádio pública Yulio Edelstein, ministro da Informação israelense, em referência aos bairros de colonização israelense edificados depois de 1967 na região leste de maioria árabe da Cidade Sagrada.
A comunidade internacional não reconhece a anexação de Jerusalém Oriental desde sua conquista por Israel em junho de 1967.
Edelstein confirmou, no entanto, que a construção de 1.600 novas casas no assentamento de Ramat Shlomo, em Jerusalém Oriental, começará apenas em dois anos, considerando que se trata de um prazo habitual para a realização de projeto desse tipo.
O porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Nir Hefetz, desmentiu a notícia de que Israel tivesse se comprometido a congelar o que chamou de importante projeto imobiliário, como havia anunciado o Departamento de Estado americano.
As declarações foram feitas logo após o início, no domingo, de frágeis negociações indiretas entre israelenses e palestinos sob o patrocínio dos Estados Unidos.
A Autoridade Palestina informou nesta segunda-feira que havia protestado formalmente junto aos Estados Unidos contra a construção, um dia depois do anúncio do lançamento de negociações de paz indiretas.
A ONG israelense que se opõe à colonização "Paz Agora" acusou em um relatório divulgado no domingo as autoridades israelenses de quererem construir 14 casas no bairro árabe de Ras al-Amud, em um edifício que abrigava há dois anos o quartel-general da Polícia da Cisjordânia.
"Protestamos oficialmente junto ao governo americano. Dissemos que consideramos o ato uma grande provocação", declarou à AFP o principal negociador palestino, Saeb Erakat.
"A Autoridade (palestina) pediu que (Washington) aja para conter a construção desse foco de colonização", acrescentou
Um porta-voz do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu desmentiu categoricamente a existência do projeto.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pediu que Washington "reaja" ao anúncio da manutenção da colonização judaica.
"O governo americano deve reagir a estas ações israelenses, já que nos prometeu" que a colonização judaica na Cisjordânia ocupada seria suspensa, declarou Abbas à AFP. "É necessário que reaja", insistiu.
Reunidos em Istambul, os presidentes dos parlamentos dos 28 países membros da Organização da Conferência Islâmica (OCI) condenaram a tentativa de continuidade da colonização israelense em Jerusalém Oriental.