Uma reunião de cinco horas e meia entre conservadores e liberais-democratas foi insuficiente para evitar que a semana começasse ainda com uma indefinição sobre o futuro da política britânica. Apesar do temor geral de que a já desgastada economia não suporte os impactos negativos de uma demora na formação do novo governo, pesam nas negociações as posições divergentes dos dois partidos sobre temas importantes, como imigração e União Europeia. Enquanto representantes de seu partido discutiam com os conservadores, o líder liberal-democrata, Nick Clegg, se reuniu pela primeira vez desde as eleições com o primeiro-ministro, Gordon Brown, com quem teve uma ;discussão amigável;.
O pequeno partido liberal-democrata, que balançou o tradicional duelo entre trabalhistas e conservadores, será fundamental para a formação de um governo de coalizão ; de qualquer um dos lados. No dia seguinte ao pleito, o líder dos vitoriosos conservadores, David Cameron, ofereceu um pacto ;global; com os liberais-democratas e se reuniu com Clegg.
Ontem, as conversas com representantes dos dois partidos, sobre pontos como a reforma política e a redução do deficit público, foram ;muito positivas e produtivas;, segundo o conservador William Hague. Para Danny Alexander, chefe de gabinete de Clegg, o encontro foi ;útil;. ;As duas partes concordaram que qualquer acordo terá como ponto central a redução do deficit e a estabilidade econômica;, disse. Outro encontro deve ocorrer ainda hoje para se tentar chegar a um acordo.
À espreita das conversas entre os ;tories; e os liberais-democratas ; e torcendo para que elas fracassem ;, está o trabalhista Brown, cujo partido ficou em segundo lugar no número de cadeiras no Parlamento. Em uma mensagem eletrônica enviada aos que atuaram em sua campanha, Brown já afirmou que sua ;determinação não mudou e não mudará;. ;Prometi fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para lutar pelo povo deste país, para assegurar a recuperação;, escreveu o primeiro-ministro.
Sua manutenção à frente do partido, no entanto, está cada vez mais ameaçada. Três parlamentares trabalhistas já pediram que Brown se afaste do posto depois do resultado desastroso nas urnas. ;Eu falei com cerca de 15 parlamentares do Partido Trabalhista desde as eleições, alguns dos quais têm sido muito favoráveis a Gordon nos últimos três anos. Nenhum deles acha que ele deve permanecer;, disse o trabalhista Graham Stringer à rádio BBC. John Mann, parlamentar por Bassetlaw, centro da Inglaterra, foi o primeiro a romper no sábado, quando disse que Brown havia custado votos ao partido na eleição. A ex-ministra dos Esportes Kate Hoey também afirmou que Brown deve anunciar a sua intenção de deixar a residência oficial de Downing Street.