Uma "cúpula" que havia sido instalada para conter um vazamento de petróleo no combate à maré negra que se espalhou pelo Golfo do México teve que ser retirada neste sábado (08/05) devido à formação de cristais semelhantes aos de gelo, jogando um balde de água fria nas esperanças dos moradores da região.
"Levaremos provavelmente os dois próximos dias para encontrar soluções para este problema", indicou durante uma entrevista coletiva à imprensa Doug Suttles, diretor de exploração da companhia de petróleo britânica BP.
As dificuldades surgiram quando a "cúpula" foi instalada. Um grande volume de hidrato de gás se formou no interior, obrigando as equipes a retirá-la.
Esses cristais se formam devido à combinação de gás com a água a certas pressões e temperaturas, explicou Suttles.
A cúpula de confinamento de doze metros de altura, que pesa cem toneladas, é considerada a melhor solução a curto prazo para conter a hemorragia de cerca de 800.000 litros de petróleo por dia no Golfo do México, a 80 km do litoral da Louisiana (sul).
A cobertura deve agir como um funil: em vez de ser descarregado no mar, o petróleo será aspirado e enviado por um tubo até um navio. As equipes esperam recuperar assim até 85% do petróleo que escapa.
Antes mesmo da instalação da cúpula, a BP e as autoridades americanas haviam mencionado as dificuldades que poderiam comprometer esta operação complexa, sem precedentes a esta profundidade.
O diretor da BP indicou que "outras técnicas" que foram utilizadas haviam registrado "progressos".
"As equipes de limpeza continuam a tirar o petróleo que flutua no mar, utilizando dispersantes", anunciou Mary Landry, oficial da guarda costeira, durante a entrevista coletiva à imprensa.
Mais de 274 km de proteções flutuantes já foram instalados ao longo da costa, nas partes mais vulneráveis. No total, 400 km serão colocados em doze locais diferentes para conter o avanço do petróleo e absorvê-lo, explicou.
Mary Landry acrescentou que até o momento dois pássaros tinham sido recuperados e limpos. Ela também mencionou a descoberta na sexta-feira de duas aves mortas, além de três tartarugas, acrescentando que uma investigação estava em andamento para determinar se a maré negra é a causadora.
A plataforma Deepwater Horizon, explorada pela BP, afundou no dia 22 de abril após uma explosão que deixou, provavelmente, 11 mortos, gerando um vazamento de petróleo que formou uma mancha do tamanho de um pequeno país.
As guarda costeira americana e a agência federal encarregada da gestão dos recursos minerais anunciaram que iniciarão na terça-feira uma investigação para determinar as causas da catástrofe.
O fracasso da instalação da cúpula submarina representa um forte golpe para as populações que vivem no litoral do golfo do México, do Texas à Flórida, que, apesar de tudo o que ocorreu nos últimos dias, receberam uma boa notícia: as condições meteorológicas são favoráveis e deverão manter a maior parte da camada de petróleo longe do litoral nos próximos dias.
Mas a maré negra já atingiu ilhas desabitadas da Louisiana e o governador do estado, Bobby Jindal, ressaltou que "será muito mais difícil limpar esse petróleo quando chegar às áreas pantanosas".
A Agência americana de Proteção ao Meio Ambiente advertiu que a maré negra "terá um impacto considerável". Na sexta-feira, uma reserva natural ao longo do litoral da Louisiana foi fechada para facilitar a limpeza.