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GB: conservadores vencem mas não têm maioria

O partido conservador, liderado por David Cameron, venceu as eleições gerais britânicas nesta quinta-feira (6/5), mas sem obter a maioria absoluta no Parlamento.

Os "Tories" conseguiram 305 cadeiras, 21 a menos que a maioria absoluta de 326 dos 650 assentos do Parlamento, contra 255 para os trabalhistas, do primeiro-ministro Gordon Brown, e 61 dos liberais democratas, de Nick Clegg, segundo pesquisa realizada pelas emissoras britânicas BBC, Sky e ITV.

Esses resultados confirmariam o "hung parliament", o Parlamento sem maioria absoluta, fenômeno que não ocorre no país desde 1974.

Diante dessa situação, o primeiro-ministro britânico tem a opção de se demitir ou de tentar formar uma coalizão para permanecer no poder.

Se os trabalhistas somarem seus assentos aos dos liberais democratas - que perderão duas cadeiras em relação à legislatura anterior - terão mais deputados que os conservadores (316), mas faltarão 10 cadeiras para a maioria absoluta.

Vários ministros trabalhistas citaram na noite de hoje a possibilidade de uma coalizão com os liberais democratas, o que permitiria manter Brown no poder.

[SAIBAMAIS]"A princípio, não vejo nenhum problema em tentar dar a esse país um governo forte e estável", afirmou à BBC o ministro do Comércio e número dois do governo, Peter Madelson. "As regras prevêem que se houver um ;hung parliament; (parlamento sem maioria absoluta), não é o partido com o maior número de assentos que terá prioridade, mas aquele que estiver no poder", completou.

O ministro do Interior, Alan Johnson, assegurou que também não via "nenhum problema" nessa coalizão. "Acredito que temos muitas coisas em comum", afirmou, citando como exemplo a reforma do sistema eleitoral que os liberais democratas converteram em um dos temas centrais da campanha.

Questionado sobre se admitiria sua derrota, declarou: "estamos em um território de parlamento indefinido, não de admitir uma derrota".

Na falta de uma constituição britânica escrita, a convenção diz que no caso de ;hung parliament; cabe ao primeiro-ministro a missão de formar o novo governo.

Neste caso, o premier pode formar um governo minoritário, com o apoio pontual de pequenos partidos, ou uma coalizão com outro partido.

O passo seguinte é sobreviver a uma moção de censura após o tradicional discurso da Rainha no Parlamento, que apresenta o programa legislativo do governo, previsto para o dia 25 de maio.

Se Brown não puder formar o governo ou for derrubado pela moção de censura, deverá apresentar sua demissão à rainha Elizabeth II, que certamente chamará David Cameron para tratar de constituir o novo governo, minoritário ou de coalizão.

Caso o governo de Cameron também caia com a moção de censura, o Parlamento deve ser dissolvido e convocadas novas eleições.

Cameron, 43 anos, tenta levar os conservadores ao poder depois de 13 anos ininterruptos de trabalhismo, e se converter no primeiro-ministro britânico mais jovem desde o século XIX, enquanto Brown busca legitimar o cargo que herdou de Tony Blair em 2007.