A França anunciou nesta quinta-feira (6/5) que as caixas-pretas do Airbus A330 da Air France que fazia o voo Rio-Paris e caiu em 1; de junho de 2009 no Atlântico, com 228 pessoas a bordo, foram localizadas em uma zona do "tamanho de Paris, onde o relevo submarino se assemelha à Cordilheira dos Andes".
Os especialistas da Marinha francesa puderam determinar uma zona com uma incerteza de três milhas náuticas, ou cinco quilômetros, anunciou o general Christian Baptiste, porta-voz adjunto do ministério francês da Defesa.
"Isto não significa que vamos encontrar as caixas-pretas, porque elas já não emitem sinal e porque a zona em que se encontram é muito acidentada", explicou imediatamente.
"Não há certeza de encontrar as caixas-pretas", insistiu.
"A zona em foram localizadas corresponde à superfície de Paris, onde é preciso encontrar objetos do tamanho de uma caixa de sapatos com um relevo submarino que corresponde à Cordilheira dos Andes", completou o general Baptiste.
Mas ele disse que este é um avanço, já que permite permite concentrar as buscas não mais em milhares de quilômetros, e sim em uma centena de quilômetros.
A zona de busca a 3 mil metros de profundidade é muito mais restrita que a área inicial, que passou de 17 mil km2 a 1.500 km2.
"A área de busca fica a 200 milhas náuticas (370 km) ao noroeste do arquipélago brasileiro de São Pedro e São Paulo, uma dezena de minúsculas ilhas rochosas que ficam 950 km ao nordeste da cidade de Natal", informa um comunicado da Marinha francesa.
Entre as 228 pessoas a bordo do AF447 estavam 72 franceses e 59 brasileiros.
O porta-voz adjunto do ministério francês explicou que a localização foi resultado de buscas de laboratório realizadas na França a partir de gravações feitas entre 10 de junho e 10 de julho de 2009 por especialistas em sonar do grupo francês Thales e da Marinha.
"É possível encontrar pedaços de destroços importantes do avião e, se tivermos sorte, talvez uma caixa-preta esteja presa entre os destroços da aeronave", disse Baptiste.
As caixas-pretas, que pesam 10 quilos cada e têm na verdade a cor laranja, registram todos os dados técnicos de um voo, incluindo as conversas na cabine, emitem um sinal de 30 a 42 dias.
Introduzidas nos aviões nos anos 60, as caixas permitem, em 90% dos acidentes aéreos, determinar as causas da tragédia.
Uma fonte do Escritório de Investigações e Análises (BEA), responsável pelas investigações técnicas da tragédia do voo AF447 que afirmou que a informação precisa ser "verificada e validada por nossas equipes e com nossas equipes nos navios que estão na zona de busca".
"Ao que parece, o ministério da Defesa trabalhou com imagens obtidas durante a primeira etapa das buscas, quando os registros de voo ainda emitiam um sinal", explicou a fonte.
Isto deve ter acontecido entre o início de junho e meados de julho de 2009.
Até o momento, o BEA considera que o mau funcionamento das sondas Pitot (sensores de velocidade) do avião é um dos fatores do acidente, mas as caixas-pretas são essenciais para determinar as causas.
Na terça-feira, o organismo anunciou que em 25 de maio começará a terceira etapa de buscas na área do acidente, pois considera que apenas as caixas-pretas permitirão a compreensão das causas exatas do acidente.
A Air France e a construtora europeia Airbus participam nos gastos das tarefas de busca submarina.