O ex-ditador argentino Jorge Videla recebeu uma nova condenação, desta vez por 40 homicidios, sequestros e torturas cometidos durante a última ditadura militar (1976-1983), informou nesta segunda-feira uma fonte judicial.
A nova sentença foi ditada pelo juiz federal Daniel Rafecas no processo que investiga crimes de lesa-humanidade cometidos pelo Primeiro Corpo do Exército, comandado pelo general já morto Guillermo Suárez Mason.
Segundo as fontes, grande parte dos crimes pelos quais o ex-ditador está sendo processado correspondem a vítimas cujos corpos foram identificados recentemente pela Equipe Argentina de Antropologia Forense depois de terem sido enterrados com as iniciais "N.N" em diversos cemitérios de Buenos Aires.
Entre eles está o alemão Rolf Stawowiok, sequestrado em 1978 e pelo qual a Justiça da Alemanha solicitou a extradição do ex-ditador.
Os restos mortais de Stawowiok foram recuperados e identificados pelos legistas que recolheram "provas de que ele foi executado por seus raptores", disseram as fontes citadas na imprensa local. Videla está preso no quartel do Exército por conta de diversos crimes contra os direitos humanos.
Em dezembro, o juiz Rafecas pediu julgamento oral de Videla por outros 600 crimes aos quais agora acrescentam-se fatos novos. Além disso, na semana passada, a Corte Suprema de Justiça declarou inconstitucional um indulto ditado a seu favor em 1990 em um processo pelo sequestro de dois empresários.
O ex-ditador de 85 anos voltará a se sentar nos bancos dos réus este mês na província de Córdoba (centro do país), por conta do fuzilamento de 32 presos políticos em prisões dessa província entre abril e outubro de 1976. Será a primeira vez que ele voltará a enfrentar um tribunal desde que foi julgado e condenado em 1985 no histórico processo contra as juntas militares.
Na ocasião, foi condenado à prisão perpétua e depois indultado, mas em 1998 voltou à prisão (primeiro domiciliar e depois efetiva), acusado de roubo de bebês. Em relação a este caso, Videla e o último ditador do país, Reynaldo Bignone (1982-1983), entre outros, serão julgados a partir de 20 de setembro na capital argentina, por envolvimento em 33 casos de roubo de menores.
Durante a última ditadura, a Argentina registrou 30.000 desaparecidos políticos; seus filhos nascidos em cativeiro, 500 crianças, foram roubadas e adotadas ilegalmente por repressores e seus cúmplices, segundo órgãos de defesa dos direitos humanos.