Jornal Correio Braziliense

Mundo

Irã acusa na ONU países com armas nucleares

O Irã atacou violentamente nesta segunda-feira (3/5) os países dotados de armas nucleares, especialmente Estados Unidos, que ameaçam o mundo com seu armamento, no primeiro dia da conferência do Tratado de Não Proliferação (TNP) na ONU.

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, exigiu que um organismo independente estabeleça um calendário preciso para a eliminação de todas as armas nucleares, durante a conferência da ONU.

Além disso, Ahmadinejad pediu a saída dos Estados Unidos da direção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão responsável por supervisionar e regulamentar as atividades nucleares no mundo.

Durante o encontro, solicitou "a criação de um grupo internacional independente, tendo autoridade a partir da conferência".

"Este grupo", disse, "deveria fixar um prazo para a eliminação total das armas nucleares, com um calendário preciso".

Também exortou a "suspensão dos membros do conselho de governadores da AIEA que utilizam ou ameaçam utilizar armas nucleares".

"Como os Estados Unidos podem integrar a junta de governadores quando utilizaram bombas atômicas contra o Japão?" - perguntou o presidente iraniano em um discurso de 35 minutos, no qual também acusou Washington de usar armas com urânio enriquecido durante a guerra do Iraque.

Sua intervenção na Assembleia Geral da ONU foi marcada por uma longa crítica contra os países com armas nucleares, incluindo os Estados Unidos, a quem acusou de "ameaçar" Estados que não as têm.

O discurso de Ahmadinejad provocou a saída de muitas delegações. Representantes dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Finlândia e Marrocos, em particular, retiraram-se do salão.

A Casa Branca reagiu afirmando que o discurso de Ahmadinejad era "previsível" e foi uma sucessão "de ataques furiosos", comprovando o isolamento da República Islâmica.

"Era previsível que o Irã evitasse falar das obrigações as quais não honra", comentou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.

Na abertura da conferência, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, exortou os estados dotados de armas nucleares a reafirmarem sem equívoco sua determinação de eliminá-las.

"Não fazê-lo será o mesmo que dar um passo atrás", disse ele aos delegados dos 150 países que participam da reunião, que vai até 28 de maio.

Ban também pediu aos estados não signatários do TNP, que entrou em vigor em 1970, a aderir ao acordo "o mais rapidamente possível".

"Enquanto se espera sua assinatura, são necessárias medidas para garantir a segurança dos arsenais e da tecnologia destes países", acrescentou Ban. "Materiais nucleares não devem cair em mãos de atores não éticos ou de terroristas."

Ban pediu ao Irã que cumpra as resoluções do Conselho de Segurança e suspenda seu enriquecimento de urânio, além de cooperar com a AIEA para ratificar a natureza pacífica de sua programa nuclear.

Simultaneamente, Washington anunciou sua intenção de revelar a composição detalhada de seu arsenal atômico, até agora um segredo militar.