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Unasul estuda condenar lei Arizona e designar Nestor Kirchner à frente do bloco

Ministros da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) examinavam nesta segunda-feira em Buenos Aires uma condenação à lei imigratória no Arizona e a designação do ex-presidente argentino Néstor Kirchner como secretário-geral do bloco.

Na véspera da Cúpula de chefes de governo e ministros, outro tema crucial abordado por chanceleres e embaixadores na noite desta segunda-feira era a situação institucional em Honduras, cujo governo ainda não foi reconhecido por nações do cone sul.

As deliberações estão sendo realizadas em um luxuoso hotel de Campana, 70 Km ao norte de Buenos Aires, com 3.000 homens das forças de segurança mobilizados ao redor.

O presidente do Equador e presidente interino da Unasul, Rafael Correa, indicou que a declaração rejeitará a norma que criminaliza a imigração ilegal no estado americano do Arizona.

"O assunto estará na cúpula da Unasul desta terça-feira e responderemos muito firmemente a este atentado contra os Direitos Humanos", disse Correa.

O mandatário advertiu os Estados Unidos de que "criminalizar, prender um migrante por não ter documentos, é um insulto à dignidade humana".

A Cúpula abordará também a indicação de Néstor Kirchner (2003-2007), marido da presidente Cristina Kirchner e líder do peronismo, como primeiro secretário-geral do bloco criado em 2004, designação que deve ser adotada por consenso dos membros do bloco.

A nomeação de Kirchner foi frustrada em 2008 pelo veto do Uruguai, em meio a um conflito causado pela instalação de uma fábrica de celulose, que os argentinos consideram poluente, às margens de um rio de soberania compartilhada.

"Creio que a maioria dos países (membros) já deu a sua aprovação", disse nesta segunda-feira o presidente chileno, Sebastián Piñera, antes de viajar a Buenos Aires.

Também é tema de discussões a situação institucional de Honduras após a eleição do presidente Porfirio Lobo, sucessor de Roberto Micheletti, que tomou o poder no golpe de Estado que derrubou o mandatário constitucional Manuel Zelaya.

A Unasul analisará a situação da ajuda ao Chile após o terremoto seguido de tsunami de 27 de fevereiro e a continuidade da ajuda ao Haiti após a aprovação de um fundo de 100 milhões de dólares para auxiliar esse país, arrasado por um terremoto ocorrido no dia 12 de janeiro.

A indicação de Kirchner havia encontrado em 2008 a resistência do ex-presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez (2005-2010), em meio a um conflito bilateral causado pela instalação da fábrica de celulose, que acabou na Corte Internacional de Justiça (CIJ).

A chegada de José Mujica à Presidência do Uruguai marcou o início da normalização das relações bilaterais e abriu caminho para a nomeação de Kirchner.

Os uruguaios pensam em "nem votar nem vetar" a candidatura, segundo revelou à AFP uma fonte do governo uruguaio.

O plenário de terça-feira será dirigido pela presidente argentina junto com Correa, antes de um almoço que reunirá os presidentes de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; Uruguai, José Mujica; Equador, Rafael Correa; Paraguai, Fernando Lugo; Chile, Sebastián Piñera; Bolívia, Evo Morales; e Venezuela, Hugo Chávez.

Na ausência dos presidentes, estarão os chanceleres de Colômbia, Jaime Bermúdez; de Peru, José Antonio García Belaúnde; do Suriname, Lygia Kraag-Keteldijk; e da Guiana, Carolyn Rodriges Birkett.