Rio de Janeiro ; Cerca de 70 representantes dos países da América Latina participaram de um seminário hoje (3), no Rio, para discutir metas e progressos na implementação de indicadores étnicos nos censos dos países da região.
O Seminário para as Américas sobre Coletas de Dados e o Uso de Indicadores para Promover e Monitorar a Igualdade Racial e a não Discriminação, foi organizado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, com apoio do governo brasileiro. ministro da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araújo, falou da importância do recorte racial para formulação de políticas públicas eficazes na promoção da igualdade.
;Muitos falam que indicadores desagregados e diferenciados geram racismo, já que somos todos iguais. Nós defendemos que a produção de conhecimento sobre as diferenças, que existem, ajuda a superá-las. Racismo é impedir as pessoas de dizer como se sentem e como se percebem numa sociedade multirracial;.
O ministro acredita que a troca de experiências entre os países participantes do evento é fundamental para corrigir rotas, aprimorar ações que já estão sendo desenvolvidas e assim consolidar o ambiente democrático.
Muitos países da região ainda não definiram como incluir nos recenseamentos perguntas sobre a cor da pele ou a etnia dos entrevistados. É o caso do Uruguai, que terá pela primeira vez um retrato racial em seu censo demográfico, previsto para setembro. O historiador uruguaio, da Organização Mundo Afro, Romero Rodriguez, disse que a inclusão é uma vitória conquistada pelo movimento negro de seu país.
;A partir desses dados, será possível gerar políticas públicas e um plano de ação do governo para minorias e grupos que sofrem discriminação;.
O representante da Alta Comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, Christian Salazar, lembrou que num mundo onde as estatísticas têm cada vez mais poder de fazer aparecer e desaparecer problemas, sustentar e fortalecer demandas, é fundamental que os governos tenham estatísticas sobre discriminação para dar a elas visibilidade e reconhecimento político.
;Esses números ajudam a identificar formas não visíveis e estruturais de discriminação, como, por exemplo, as desigualdades nas áreas da saúde, nutrição, educação e de acesso à Justiça e sua relação com grupos étnicos;, disse.
Salazar advertiu que não bastam apenas bons dados de desigualdades e discriminação para combater as injustiças. ;Depende também da capacidade do estado de criar políticas públicas e programas sociais para grupos vulneráveis ou vítimas de discriminação, marginalização e exploração;.