As grandes marcas mundiais de veículos aproveitaram o Salão de Automóvel de Pequim para apresentar seus modelos "verdes", que podem se tornar, em curto prazo, um dos melhores produtos à venda no mercado chinês, o maior do mundo.
A maior fabricante chinesa, SAIC, expôs seu carro elétrico, durante o salão que abriu na terça-feira e vai até domingo. Dos mil modelos expostos, 95 são elétricos ou híbridos - produzidos pela SAIC, por sua concorrente chinesa BYD e a americana General Motors.
A GM apresentou o Volt, um carro elétrico que deve ser lançado no mercado em 2011. A BYD, que tem como principal acionista é o milionário americano Warren Buffett, lançou o modelo E6, que funciona somente com eletricidade. A Beijing Automotive Industry Holding Co anunciou que pretende investir 3,7 milhões de yuans (542 milhões de dólares) no desenvolvimento de veículos com fontes de energia alternativas, reafirmando a importância desse setor para a China.
No entanto, para os analistas o verdadeiro desenvolvimento de veículos alternativos na China ainda enfrenta dificuldades. O governo decepcionou aqueles que esperavam, em janeiro, o anúncio de subsídios para o setor, que permitiriam baixar os preços para o consumidor chinês.
Preços elevados, autonomia reduzida e falta de postos de recarga de bateria limitam as vendas, explica Finbarr O;Neill, presidente da sociedade de consultores JD Power and Associates.
Menos de 4 mil carros híbridos (movidos a eletricidade e gasolina) foram negociados na China no ano passado e a venda de veículos elétricos foi quase inexistente, acrescentou. No total, 13,64 milhões de carros foram vendidos na China em 2009, o que fez do país o primeiro no mercado do mundo, ultrapassando os Estados Unidos.
Os chineses seguem preferindo modelos de alto consumo de gasolina, embora no ano passado os modelos menores tenham tido maior aceitação, graças aos incentivos fiscais.
O alto valor dos veículos elétricos se deve ao custo das suas baterias recarregáveis, que os encarecem em 10 mil a 15 mil dólares. "Não acredito que a maioria dos compradores esteja disposta a pagar mais para ter um carro mais ecológico", destacou Finbarr O;Neill. "Sem subsídios, empresas como a BYD terão muitos problemas para alcançar uma massa crítica" na produção.
A China quer reduzir seu consumo e sua dependência energética, assim como seus graves problemas de poluição. Por isso, espera-se que o desenvolvimento de tecnologias ecológicas e carros "verdes" represente de 10% a 15% das vendas até 2020.
Desde 2006, o governo e as fabricantes de automóveis chinesas investiram pelo menos 10 milhões de yuans no desenvolvimento de veículos movidos com fontes de energia alternativas ao combustível. Desse montante, 1,1 milhão foi dado pelo governo, segundo o ministério das Indústrias e Tecnologias da Informação.
Apesar deste lento desempenho, a previsão segue otimista. Better Place, uma sociedade californiana que instala postos de recarga para veículos elétricos, vislumbra um bom mercado na China. No sábado, firmou um acordo com a fabricante chinesa Chery para desenvolver os primeiros protótipos.