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Buscas pelas caixas pretas do voo 447 Rio-Paris prosseguirão

A busca submarina dos restos do avião da Air France que em 1o. de junho de 2009 caiu no Atlântico com 228 pessoas a bordo quando voava do Rio a Paris, prosseguirá, anunciou nesta quarta-feira um porta-voz do organismo francês que investiga o acidente.

"As tarefas de busca continuarão. A BEA (Birô de Investigações e Análises) estuda atualmente os meios necessários para continuar com a busca", indicou o porta-voz desse organismo encarregado das investigações técnicas dos acidentes aéreos.

As causas do acidente continuam sem explicação. As caixas negras, elementos indispensáveis para explicar a tragédia, ainda não foram encontradas.

No domingo, o BEA acabou de peneirar uma zona delimitada na terceira etapa das investigações, usando dois navios, o norueguês "Seabed Worker" e o americano "Anne Candies".

[SAIBAMAIS]Os dois barcos se dirigem agora para Recife, onde chegarão nesta quarta-feira à noite.

A porta-voz precisou que, no momento, não se decidiu a data da retomada das tarefas, nem sua duração ou os meios técnicos que serão utilizados.

A Air France e o construtor aeronáutico europeu Airbus, que participaram com dez milhões de euros no financiamento das tarefas, indicaram há alguns dias que continuarão contribuindo com as buscas.

A porta-voz do BEA confirmou que na terça-feira, dia 4 de maio, será feito um balanço da situação e dos dados recolhidos desde 2 de abril, quando começou a terceira fase de buscas.

Até agora, o BEA afirmou que um mau funcionamento das sondas Pitot (sensores) de velocidade do aparelho, fabricadas pelo grupo francês Thales, seria um dos fatores, mas não a única causa da tragédia.

Paralelo a isso, uma advogada que representa as famílias de vítimas do voo reprovou esta semana a Air France por oferecer somas variáveis, segundo a nacionalidade dos mortos, na expectativa de cumprir suas obrigações "com menos gastos e discretamente".

Sarah Stewart, do escritório londrino Stewarts Law, afirmou que as seguradoras da Air France oferecem extrajudicialmente indenizações diferentes em função da nacionalidade das vítimas: quatro milhões de dólares por pessoas nos Estados Unidos, 750 mil dólares no Brasil e 250 mil dólares na Europa.

Stewarts Law representa cerca de 50 famílias (venezuelanas, argentinas, brasileiras, alemãs, britânicas, holandesas, irlandesas e francesas) das vítimas do voo 447. "As informações que temos, procedentes de fontes vinculadas às seguradoras, sugerem que a Air France e suas companhias de seguros esperam solucionar os pedidos de indenização sem gastar muito e agindo discretamente com as famílias, em atitude quase confidencial", declarou Sarah Stewart à AFP.

"Oferecem a algumas famílias 10 vezes menos, a outras 10 vezes mais, em parte em função da nacionalidade dos passageiros", acrescentou. "Estamos também em uma situação na qual os passageiros americanos e brasileiros valem de fato mais que os britânicos, europeus e irlandeses".

Stewart acusa a Air France de se apoiar em "leis obsoletas, argumentos jurídicos arcaicos", baseando suas propostas de indenização mais nas jurisprudências nacionais em função do local onde residem as vítimas do que nos textos internacionais, como a convenção de Montreal.

Esta convenção, que instaura o princípio da responsabilidade civil ilimitada do transportador aéreo em caso de danos corporais, datada de 1999, foi assinada por 97 países, entre eles Brasil e França. "As famílias não conseguem entender como pode ser feita uma diferenciação desse tipo", disse Stewart, voltando a pedir à Air France que coloque 1 bilhão de dólares em um fundo que será distribuído de "maneira justa e equitativa" entre todos os beneficiários.

Contactados pela AFP, a Air France e a Axa, que atua como interlocutora entre as seguradoras e a companhia, não se pronunciaram.

A justiça brasileira aprovou, em março passado, o pedido de indenização de 1,15 milhão de dólares por danos morais à família de uma das vítimas. A Axa apelou dessa decisão em nome das seguradoras da Air France.