Indiretamente o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, reageiu hoje (27) à pressão de parte da comunidade internacional para impor sanções ao seu país em decorrência de suspeitas sobre o programa nuclear iraniano. Segundo Ahmadinejad, as "disputas mundiais" associadas ao que chamou de "arrogância global" impedem o desenvolvimento regional. Ele disse que seu país vai lutar para manter a cultura e os valores próprios.
As informações são da agência oficial de notícias, a Irna. Ahmadinejad se reúne ainda hoje com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. Por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Amorim viajou até Teerã para reafirmar o apoio brasileiro ao programa nuclear iraniano e defender a busca por um diálogo entre o governo do Irã e a comunidade internacional como meio de evitar punições aos iranianos.
Durante homenagem a trabalhadores realizada hoje, Ahmadinejad reiterou que seu governo vai manter os atuais programas, preservando a cultura e os valores iranianos. "A nação iraniana está determinada a conquistar picos de sucesso e desenvolvimento preservando sua própria cultura e longe dos padrões de estilo ocidentais", disse.
Em seguida, o presidente iraniano acrescentou que a finalidade é reconstruir o país baseando-se em ativos domésticos. "A arrogância global está apostada em dominar as nações semeando a discórdia entre eles."
Ontem (26), o ministro das Relações Exteriores do Irã, Majlis Ali Larijani, criticou a pressão internacional, liderada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para impor sanções ao seu país. ;A linguagem de sanções e resoluções não é a apropriada para o diálogo e a interação com a República do Irã.;
Na semana passada, Lula definiu como estratégia a visita de Amorim à Turquia, à Rússia e ao Irã. No próximo dia 15, o presidente irá a Teerã. Porém, ele considera fundamental manter antecipadamente uma série de reuniões diplomáticas em favor de negociações que impeçam sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear.
Nos últimos dias, aumentou a pressão capitaneada pelo governo Obama para aprovar via Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sanções contra o Irã. Para os norte-americanos, o programa nuclear do Irã mantém de forma secreta a fabricação de armas atômicas. O presidente Ahmadinejad nega as suspeitas.
Além dos Estados Unidos, a pressão conta com o apoio da Inglaterra, França e Alemanha. A Rússia indicou ser favorável ao que chamou de sanções inteligentes. A China resiste às sanções. Os cinco países são membros permanentes do conselho e têm direito a voto. A expectativa é de que as discussões no órgão ocorram em maio.