O Hubble, primeiro telescópio espacial, que revolucionou a astronomia e a compreensão do universo ao transmitir mais de 750.000 imagens espetaculares dos confins do universo, completa neste fim de semana 20 anos de lançamento.
O telescópio foi lançado em 24 de abril de 1990 acoplado ao ônibus espacial americano Discovery, que o colocou em órbita a 600 km de altitude.
Mas o aparelho, fruto de uma colaboração entre a Nasa e a Agência Espacial Europeia, só começou a funcionar três anos mais tarde.
A lente teve que ser substituída por uma falha de concavidade. A delicada operação foi realizada em 1993 pela tripulação de um ônibus espacial.
A partir deste momento o Hubble começou a transmitir imagens assombrosas de estrelas supernova, gigantescas explosões que marcam a morte de uma estrela e o nascimento de um buraco negro, fenômeno de cuja existência os astrônomos tinham apenas suspeitas até então.
O telescópio de 12 toneladas e 13,3 metros de comprimentou fez 900.000 instantâneas, que permitiram obter 570.000 imagens de mais de 30.000 objetos celestes, alguns deles nos confins do universo.
O Hubble também permitiu confirmar a existência de matéria escura que parece contra-atacar a força da gravidade e constituiria a maior parte do universo.
Os astrônomos suspeitavam da existência desta matéria escura ("dark energy") desde a década de 1930 após as observações de galáxias.
Como uma máquina do tempo capaz de remontar milhões de anos, o Hubble detectou pequenas proto-galáxias que emitiam raios luminosos quando o universo tinha menos de um bilhão de anos.
Graças a estas observações, muito mais nítidas que as obtidas pelos mais poderosos telescópios terrestres, os cosmólogos puderam confirmar que o universo estava em rápida expansão e calcular de forma precisa sua idade, estimada em 13,7 bilhões de anos.
A aceleração é produzida por uma força misteriosa chamada energia do vazio, que constitui quase 75% do universo e equilibra a força da gravidade.
O restante do cosmos é formado por quase de 5% de matéria visível e 20% de matéria esscura.
"Sem dúvida nenhuma, o Hubble é o instrumento científico mais reconhecido e que deu o maior número de êxitos científicos da historia da humanidade", afirma Ed Weiller, alto funcionário da Nasa.
Desde a última missão de manutenção executada pelo ônibus espacial Atlantis em maio de 2009, o telescópio tem dois novos instrumentos capazes de obter instantâneas do passado remoto, até 600 a 500 milhões de anos depois do "Big bang", o momento do nascimento do universo.
Na vizinhança do planeta Terra, o Hubble observou mudanças radicais na direção dos ventos em Saturno e mostrou que Neptuno tem estações climáticas.
Esta variedade de descobertas transformou o telescópio em "ícone na psique dos americanos e do resto do mundo", destaca Weiller.
A missão do Atlantis permitiu prolongar em pelo menos cinco anos a vida útil do Hubble, à espera do sucessor, o ainda mais potente telescópio espacial infravermelho "James Webb Space Telescope (JWST)", que tem o objetivo de jogar luz sobre o momento da origem do universo.