O tráfego aéreo europeu voltava à normalidade nesta quinta-feira (22/4), enquanto o vulcão islandês Eyjafk;ll, responsável pelo bloqueio de sete milhões de passageiros em terra, mantinha uma atividade estável.
Depois da paralisação de cinco dias provocada pela nuvem de cinzas expulsa pelo vulcão, que provocou o cancelamento de 95 mil voos em mais de 300 aeroportos na Europa, o espaço aéreo voltava ao normal, segundo a Organização Europeia de Navegação Aérea (Eurocontrol).
Os aeroportos da Finlândia, Noruega e Suécia, que estavam fechados pela manhã, retomam progressivamente as atividades.
"O espaço aéreo na Europa está livre", indicou a Eurocontrol. Segundo o organismo, nesta quinta-feira quase de 29 mil voos estão garantidos na Europa.
Os aeroportos de Gotemburgo e Malmo, sul da Suécia, foram fechados durante a noite por uma deterioração da situação na região, segundo a autoridade aeroportuária Swedavia.
Dois aeroportos noruegueses também foram fechados, mas, como na Dinamarca, as restrições aéreas foram suspensas, indicou o órgão de controle aéreo, Naviair.
A atividade do vulcão Eyjafk;ll, que expulsou densas nuvens de cinzas a partir de 14 de abril, é agora estável e não há sinais de novas erupções, indicou em Reykjavik um porta-voz do serviço de proteção civil islandês.
"O Eyjafk;ll continua em erupção, com leve aumento, mas sem sinais visíveis", indicou à AFP Steinunn Jakobsdottir, da Universidade de Reykjavik.
Os aeroportos da França também voltaram à normalidade. O parisiense Roissy-Charles de Gaulle, por onde circulam mais de 50 milhões de passageiros por anos, a atividade é normal, com exceção de alguns voos para a Inglaterra, segundo uma fonte aeroportuária.
O aeroporto londrino de Heathrow, principal plataforma mundial de passageiros, ainda precisa de um certo tempo para funcionar a 100%.
A Espanha, onde 14 aeroportos estiveram fechados apenas algumas horas no domingo passado, serviu de plataforma para a chegada de passageiros, que se dirigiram para seus destinos europeus por terra.
Com o fim das restrições aéreas, os afetados começavam a definir os danos econômicos em cifras.
As companhias aéreas, que passaram os últimos dias calculando os prejuízos, aganharam nesta quinta-feira a adesão da escandinava SAS, que estimou custos de 50 milhões de euros (66 milhões de dólares).
Na quarta-feira, o presidente da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), que reúne 230 empresa, Giovanni Bisignani, pediu aos governos europeus que assumam suas responsabilidades e ajudem as companhias, que registraram um lucro cessante de 1,7 bilhão de dólares com o fechamento do espaço aéreo.
Os aeroportos europeus calcularam as perdas em 1,26 bilhão de euros (1,638 bilhão de dólares), segundo o Conselho de Aeroportos para a Europa.
A Associação de Gestão do Tráfego Aéreo (CANSO) calculou as perdas em 25 milhões de euros diários (US$ 33 milhões).
No setor turístico, a maior operadora europeia, TUI Travel, anunciou que nos três piores dias da crise perdeu 22,6 milhões de euros (30,1 milhões de dólares).
Os milhões de passageiros afetados, de acordo com o artigo 8 de uma regulamentação europeia de 2004, tem o direito de solicitar o reembolso das passagens. A companhia não pode negar a devolução do dinheiro, que inclui as taxas aeroportuárias.
A polêmica fica por conta da companhia irlandesa de baixo custo Ryanair, que na quarta-feira anunciou que pagaria apenas o "preço inicial do bilhete" e nenhuma compensação por hotéis e alimentação às pessoas presas em terra.
Mas nesta quinta-feira, o dono da Ryanair, Michael O;Leary, mudou de ideia com a grande pressão sofrida e disse que reembolsará um preço "razoável".
"Não pagaremos a suíte presidencial do palácio cinco estrelas do Tenerife", afirmou.
Se para muitos turistas a nuvem de cinzas significou um pesadelo, para outros foi a oportunidade para experiências inesperadas, como os 280 turistas britânicos que voltaram ao país a partir de Santander (norte da Espanha) a bordo do "HMS Portsmouth", um navio de guerra que retornava do Afeganistão.