O tráfego aéreo europeu começou a voltar ao normal na tarde de ontem, com a reabertura de aeroportos no sul da Espanha ; entre eles os de Barcelona e Zaragoza ;, e de regiões da França e da Alemanha. As autoridades alemãs autorizaram atividades em seis aeroportos, mas apenas para rotas que seguiam para o leste. No Reino Unido, a proibição foi mantida até hoje às 7h (4h de Brasília), e na Irlanda, até o meio-dia (8h de Brasília). O comissário de transportes da União Europeia, Siim Kallas, disse à imprensa que a expectativa é começar a semana útil retomando 50% do tráfego aéreo.
Desde a erupção do vulcão Eyjafjallajokull, no sul da Islândia, na última quarta-feira, mais de 60 mil voos foram cancelados. A medida foi tomada para evitar que a cinzas da erupção entrem nas turbinas das aeronaves e provoquem danos. De acordo com Jay Miller, pesquisador de vulcões da Universidade do Texas (Estados Unidos), a nuvem de cinzas é resultado da reação da lava derretida, que pode chegar a uma temperatura de 1.000;C, com o gelo que fica no topo do vulcão. ;Imagine se você pegar um pedaço de vidro, colocar em uma fornalha bem quente e depois jogá-lo em uma balde de água fria. Ele vai explodir em um milhão de pedaços. A mesma coisa acontece quando o magma entra em contato com a água: um grande volume de cinzas com cristais é gerado, absorvido pela atmosfera e dissipado pelo vento;, explicou o especialista ao Correio.
A volta das operações decorreu em parte da pressão das companhias aéreas, que questionaram a proibição absoluta de pousos e decolagens e fizeram voos experimentais, sem passageiros. As duas maiores companhias alemãs, Lufthansa e Air Berlin, informaram que não houve problemas. O mesmo ocorreu com a British Airways, a Air France e a ACI Europe. Para reforçar os argumentos, as empresas disseram que, em situações semelhantes, os procedimentos de segurança não incluíram a proibição total. No cálculo dos empresários, as perdas sofridas são de US$ 200 milhões por dia.
Os pousos e as decolagens continuavam suspensos em 20 países, incluindo Suécia, Polônia e Áustria. Muita gente em viagem de férias ou a trabalho ainda não conseguiu voltar para casa. ;Um amigo que está na Tailândia nem sequer tem ideia de quando poderá voltar. Os voos que forem liberados sairão muito cheios;, disse à reportagem o gerente de marketing Matthias Zecher, 30 anos, morador de Munique, no sul da Alemanha.
[SAIBAMAIS]Ainda não se sabe quanto tempo vai durar a atividade vulcânica do Eyjafjallajokull. Historicamente, os vulcões da Islândia permanecem em erupção por no máximo uma semana. ;Nós não temos dados suficientes para saber até quando isso vai durar. A cinza oferece mais perigo para as pessoas que vivem naquela área, mas também representa uma ameaça em potencial para os motores dos aviões, então esse cuidado é imperativo;, diz o pesquisador Jay Miller.
Céus semiabertos
Situação nos principais países da Europa na tarde de ontem
Reino Unido
Espaço aéreo fechado até a manhã de hoje, mas a principal companhia do país, a British Airways, cancelou todos os voos com origem e destino em Londres previstos para a segunda-feira.
Alemanha
O aeroporto de Frankfurt, um dos mais movimentados do mundo, foi autorizado a retomar atividades ontem, mas apenas até as 18h. A medida beneficia também os de Tegel e Sch;nefeld, ambos em Berlim.
França
Os aeroportos de Paris e das principais cidades ao norte de Bordeaux e Nice só devem voltar a operar amanhã. No sul e no sudoeste, os voos começaram a normalizar-se no domingo.
Solidão no adeus
Centenas de milhares de pessoas acompanharam ontem o funeral do presidente Lech Kaczynski, sepultado na Catedral de Wawel, em Cracóvia, ao lado dos reis e presidentes da Polônia. O caos aéreo na Europa, por causa da nuvem de cinzas do vulcão em erupção na Islândia, impediu muitos governantes estrangeiros de comparecer, o que frustrou os poloneses. Um deles exibiu sua queixa em um cartaz: ;A Polônia está sozinha novamente. Onde estão Sarkozy (presidente da França), Barroso (presidente da Comissão Europeia) e Obama?;