Os três aspirantes a chefiar o governo do Reino Unido se enfrentaram, na noite desta quinta-feira (15/4), em um debate televisionado inédito na história política britânica, em Manchester (noroeste da Inglaterra), a três semanas de uma eleição, cujo desenlace é incerto.
Perante milhões de telespectadores e 200 participantes que os sabatinaram, o primeiro-ministro trabalhista, Gordon Brown, o líder conservador David Cameron e o candidato liberal-democrata Nick Clegg debateram ferozmente durante uma hora e meia seus programas eleitorais.
A recuperação econômica após a longa e profunda recessão, e a redução do colossal déficit nacional foram os temas predominantes. "Não podem permitir-se a tirar dinheiro da economia agora porque porão postos de trabalho em risco, empresas em risco e toda a recuperação em risco", disse Brown, atacando seus rivais conservadores na promessa de reduzir o déficit em seis bilhões de libras.
"A ameaça para a recuperação é a proposta trabalhista para impor uma taxa sobre o emprego", respondeu Cameron, em alusão a um projeto do governo de aumentar as cotações para a Segurança Social a partir de 2011.
Tanto o líder conservador, que lidera a pesquisas, quanto o trabalhista, que reduziu as diferenças a um punhado de pontos, jogaram tudo neste debate, enquanto tudo indica que nenhum dos grandes partidos terá um número de cadeiras na Câmara dos Comuns suficiente para governar. "Quanto mais se atacam mutuamente, mais se parecem", brincou o terceiro candidato, Nick Clegg, de 43 anos, que poderá desempenhar um papel determinante na formação do governo.
O liberal-democrata, que teve a chance de colocar-se de igual para igual com seus adversários, foi declarado o vencedor do debate pelos telespectadores em uma pesquisa celebrada pela TV que o organizou, a privada ITV, com 43% de opiniões favoráveis, contra 26% para Cameron e 20% para Brown. Outros 11% consideraram que nenhum dos três se destacou.
Neste debate dedicado a temas de política interna, os candidatos abordaram ainda outros grandes temas, como saúde e educação públicas, imigração, a reforma do sistema político ou a situação das forças armadas, o que também deu lugar a duros confrontos entre os líderes.
Todos eles voltarão a debater em 22 de abril na emissora Sky News, onde abordarão questões internacionais, e no dia 29, na BBC, para discutir assuntos econômicos.