A polícia paquistanesa fez deliberadamente fracassar a investigação do assassinato da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, ocorrido em dezembro de 2007, afirmou um informe da ONU publicado nesta quinta-feira (15/4).
O fracasso da investigação "foi deliberado", diz o informe. Os policiais, "em parte temendo o envolvimento das agências de inteligência, estavam incertos sobre como deveriam atuar, mesmo sabendo, como profissionais, o que deveriam ter feito", acrescentou.
O painel afirma que a investigação do Paquistão "perdeu a direção, foi ineficaz e sofreu com a falta de interesse em identificar e trazer todos os criminosos à justiça". Acrescenta ainda que era dever das autoridades paquistanesas promover uma "séria e confiável investigação que determinasse quem planejou, ordenou e executou esse crime hediondo... e trazer os responsáveis à justiça".
O relatório conclui que o assassinato de Bhuto poderia ter sido evitado com medidas de segurança adequadas. "O assassinato da senhora Bhutto poderia ter sido evitado com medidas de segurança adequadas", explicou o informe de um painel composto por três membros e encabeçado pelo embaixador do Chile na ONU, Heraldo Munoz.
O painel destaca que a responsabilidade na segurança de Bhutto no dia de seu assassinato repousava sobre "o governo federal, o governo de Punjab e o distrito policial de Rawalpindi". "Nenhuma dessas entidades tomou as medidas necessárias para agir nas extraordinárias e urgentes situações de risco que ocorreram", acrescentou.
O painel de Munoz foi encarregado de estabelecer os fatos e circunstâncias da morte e não estava autorizado a identificar culpados.
Bhutto, a primeira mulher a se tornar primeira-ministra de um país muçulmano, foi morta no dia 27 de dezembro de 2007 em um ataque suicida e armado quando voltava de um comício em Rawalpindi, uma cidade próxima a Islamabad.
Os partidários de Bhutto lançaram dúvidas em uma investigação inicial paquistanesa sobre sua morte, questionando se ela foi morta com um tiro ou na explosão, e perguntando a mudança da cena do crime poucos minutos após a morte de Bhutto.