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Jafar Panahi detido por fazer filme contrarrevolucionário

TEERÃ - O ministro da Cultura do Irã informou, esta quarta-feira (14/4), que o premiado diretor de cinema Jafar Panahi foi detido, em março, porque estava fazendo um filme contra o regime, noticiou a agência ISNA.

"O ministério da Cultura e Orientação Islâmica perguntou ao Judiciário e às autoridades de segurança sobre a detenção do senhor Panahi e eles nos disseram que este é um caso de segurança", disse o titular da pasta, Mohammad Hosseini à ISNA.

"Eles nos informaram que este diretor estava fazendo um filme contra o regime e que se tratava dos eventos que se seguiram à eleição", acrescentou, referindo-se à onda de manifestações que tomou conta do Irã depois da controversa reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad, no ano passado.

Esta foi a primeira vez que uma autoridade iraniana deu explicações sobre os argumentos para a detenção de Panahi, em março passado.

No entanto, em meados daquele mês, a esposa de Panahi, Tahereh Saeedi negou, em entrevista à AFP, que seu marido estivesse fazendo um filme sobre eventos pós-eleição.

"O filme estava sendo rodado dentro de casa e não tinha nada a ver com o regime", disse Saeedi na ocasião.

Logo após a detenção de Panahi, o promotor de Teerã, Abbas Jafari Dolatabadi, disse que o diretor não tinha sido preso por razões políticas ou por ser um artista, mas porque foi "acusado de alguns crimes e detido com outra pessoa, por determinação de uma ordem (emitida) por um juiz".

Segundo sites opositores na internet, Panahi foi detido juntamente com outras 16 pessoas, entre elas sua esposa, sua filha e seis ativistas de direitos humanos. Catorze dos detidos foram libertados até agora.

Simpatizante do movimento oposicionista, Panahi foi preso depois que forças de segurança fizeram uma incursão em sua casa, em Teerã, em 1; de março.

Cinquenta cineastas e artistas iranianos assinaram uma carta, em meados daquele mês, instando as autoridades a libertá-lo.

Panahi, de 49 anos, é conhecido pela corajosa crítica social de seus filmes, tais como "O Círculo", que lhe rendeu o Leão de Ouro do Festival de Veneza, em 2000, "Ouro Carmim" e "Fora do Jogo", ganhador, em 2006, do Urso de Prata do Festival de Berlim.

Em fevereiro passado, as autoridades proibiram Panahi de deixar o país para participar do Festival de Berlim.