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Milhões de hindus se cobrem de cinzas e se banham em ritual no Ganges

Dez milhões de peregrinos hindus e centenas de ascetas nus com o corpo coberto de cinzas se reuniram nesta quarta-feira (14/4) às margens do Ganges, no norte da Índia, para participar num dos maiores festivais religiosos do mundo, que começou em janeiro passado. A data, determinada pelos astrólogos, é o dia do "principal banho real" de "Kumbh Mela", um rito religioso que permite aos hindus lavar-se de seus pecados e interromper o ciclo da reencarnação. A festa do "Kumbh Mela" - de três meses de duração - é realizada este ano na cidade de Haridwar, 250 km ao norte de Nova Délhi. Esta festa comemora uma batalha mitológica hindu entre os deuses e os demônios, que disputavam uma porção de néctar da imortalidade. Durante a baalha, algumas gotas do néctar caíram em quatro lugares diferentes: as cidades de Allahabad, Haridwar, Ujjain e Nasik. O "Kumbh Mela" alterna entre essas quatro cidades e é celebrado a cada três anos. "Estar aqui no dia principal do banho sagrado é o momento mais importante da minha vida", conta Nijunj Beriwal, 51 anos, oriundo do Estaado de Bengala Ocidental. "Mais de 10 milhões de pessoas já se banharam nesta quarta e mais de 40 milhões de peregrinos estiveram nas esplanadas que levam ao Ganges desde o início das festividades", indicaram os organizadores. Caminhões, ônibus e trens lotados transportam famílias inteiras, de todas as castas e tribos da sociedade indiana, ao local de 130 quilômetros quadrados onde participam na cerimônia em um ambiente de fervor religioso. Centenas de "Naga Sadhus", ascetas que se consideram os guardiões da fé hindu e vivem reclusos nas montanhas do Himalaia, iniciaram seu banho ritual no mesmo momento, brandindo tridentes, espadas e bastões antes de mergulhar na água do rio. Milhares de espectadores, entre eles muitos turistas estrangeiros, observam o banho sagrado desses homens nus, cobertos de cinza e que dedicaram sua vida à meditação. "É desconcertante, caótico e maravilhosoo", afirma, entusiasmado, Peter Hans, um alemão de 22 anos. "Acho que não há riscos porque a atmosfera é de festa pacífica, mas a polícia é severa com a multidão", comenta ainda. Um importante dispositivo de segurança mobiliza 16.000 policiais e vigia particularmente os acesso às pontes para evitar avalanches. Em 2003, dezenas de pessoas morreram arrassadas por um movimento repentino da multidão.