Teerã (Irã) ; O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, deposita no presidente Luiz Inácio Lula da Silva a expectativa de um acordo bem-sucedido com o governo dos Estados Unidos para evitar eventuais sanções em decorrência da suposta fabricação de armamentos nucleares. A mensagem foi transmitida por interlocutores de Ahmadinejad nos encontros políticos entre vários de seus assessores com a comitiva brasileira que passou pouco mais de um dia em Teerã.
De acordo com brasileiros que participaram das reuniões com autoridades iranianas, os interlocutores de Ahmadinejad acreditam que Lula é o melhor canal para as negociações, porque conta com a confiança do iraniano e do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Na conversa com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, Ahamdinejad evitou mencionar o assunto. Mas, de acordo com vários dos integrantes da comitiva, havia uma euforia do governo iraniano por causa da reação do presidente da China, Hu Jintao, em defender o esforço pelo diálogo e não às punições.
A expectativa de Ahmadinejad sobre a atuação de Lula para impedir o isolamento do Irã aumenta pelo fato de o presidente brasileiro ter anunciado sua viagem para o dia 15 de maio. Tanto é que o iraniano quer que uma série de ações estejam concluídas para que ambos anunciem as medidas de parceria em Teerã.
Miguel Jorge lidera uma viagem empresarial cujo objetivo é intensificar o comércio bilateral entre o Brasil e o Irã. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Turismo, as importações brasileiras do Irã cresceram 28,2%, passando de US$ 15 milhões para US$ 19 milhões, respondendo por apenas 0,01% das compras globais do país em 2009.
O ministro o e outros integrantes da missão reuniram-se com os ministros de Indústrias e Minas do Irã, Ali Akbar Mehrabian, e do Comércio, Babak Afghahi. Com ambos, a conversa também versou sobre a pressão norte-americana contra o Irã para conquistar o apoio internacional isolando cada vez mais o governo de Ahmadinejad.
[SAIBAMAIS]O governo Obama suspeita que o programa nuclear iraniano esconda uma produção secreta de armas nucleares. Porém, os iranianos negam as acusações. Segundo Ahmadinejad, o desenvolvimento do programa tem fins pacíficos apesar do enriquecimento de urânio a 20% e também da instalação de centrífugas mais modernas do que as atuais.
A pressão norte-americana, tema preponderante na conferência mundial de segurança nuclear em Washington, tem o apoio dos governos da Inglaterra, França, Alemanha e Rússia. O objetivo é estabelecer sanções econômicas ao Irã, que sofre restrições de parte da comunidade internacional, vetando a instalação de instituições financeiras, entre outros aspectos.
*A repórter e o fotógrafo viajaram a convite do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.