O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta terça-feira (13/4) a líderes de 47 países com capacidade nuclear reunidos em Washington que "atuem" para evitar que material destinado a fabricar a bomba atômica caia nas mãos de terroristas.
"Duas décadas depois do fim da Guerra Fria, enfrentamos uma cruel ironia da história: o risco de uma confrontação nuclear entre países baixou, mas o risco de um ataque nuclear subiu", disse Obama aos líderes, reunidos na maior cúpula organizada pelos Estados Unidos desde 1945.
"Redes terroristas como Al-Qaeda tentam adquirir o material para obter uma arma nuclear, e se conseguirem, com certeza a utilizarão. Se fizerem isso, seria uma catástrofe para o mundo", completou.
"Hoje é uma oportunidade, não só para falar, mas para fazer", disse o presidente americano.
Obama pressionava paralelamente seus principais convidados, como Rússia e China, a tentar isolar ainda mais o Irã e preparar o terreno para mais sanções. O Irã, assim como a Coreia do Norte, negou-se a acatar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, em vigor desde 1970. A China se opõe a essa proliferação nuclear, disse Hu Jintao em seu discurso na cúpula.
Obama deve se reunir nesta terça-feira com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, e com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Erdogan, cujo país faz parte do Conselho de Segurança da ONU atualmente, reuniu-se na segunda-feira com o presidente Luiz Ignacio Lula da Silva para tratar do caso iraniano.
Hoje há no mundo 1.600 toneladas de reservas de urânio enriquecido e 500 toneladas de plutônio, dois dos ingredientes necessários para a criação da bomba A.
[SAIBAMAIS]Obama quer compromissos firmes para o controle estrito das condições de produção, armazenamento e transporte desse material, com o qual podem ser construídas milhares de bombas atômicas, algumas do tamanho de uma maleta.
Os Estados Unidos obtiveram diversos êxitos nesse campo na segunda-feira. A Ucrânia anunciou sua decisão de se desfazer de todo urânio altamente enriquecido até 2012, data fixada para a próxima cúpula sobre segurança nuclear, que deve ocorrer na Coreia do Sul.
Pouco depois, o Canadá informou que devolverá a seu vizinho o urânio altamente enriquecido de origem americana armazenado no Canadá.
Também o presidente chileno, Sebastián Piñera, anunciou que seu país "tomou a decisão de enviar aos Estados Unidos todo o urânio ultraenriquecido" para dar "um exemplo".
Os Estados Unidos e Rússia, que na semana passada assinaram um novo acordo de desarmamento nuclear, também firmaram um protocolo para a eliminação do plutônio usado na fabricação de armas de seus programas militares.
Enquanto a ameaça do terrorismo gerava um aparente consenso entre os presidentes participantes da reunião, sobre a questão iraniana isto era menos evidente.
A Casa Branca afirmou na segunda-feira, depois de uma reunião bilateral de Obama com Hu, que havia um acordo entre os países para preparar uma nova rodada de sanções no Conselho de Segurança da ONU.
"A China sempre acreditou no diálogo e na negociação como a melhor forma de resolver esse assunto. A pressão e as sanções não podem resolver fundamentalmente", declarou nesta terça-feira um porta-voz do ministério chinês de Relações Exteriores, Jiang Yu.
O Irã, acusado de querer construir uma arma nuclear disfarçada de programa civil, também informou de Teerã que sua interpretação das intenções chinesas era "diferente" das americanas.
Teerã anunciou também que sua própria conferência de desarmamento nuclear contará com a presença de 15 países, nos dias 17 e 18 de abril.