Seis atentados deixaram pelo menos 35 mortos nesta terça-feira (6/4) em Bagdá, em uma segunda onda de ataques em três dias na capital, o que desperta os temores de um ressurgimento da insurgência em um momento de bloqueio político no Iraque.
[SAIBAMAIS]As explosões desta terça-feira destruíram edifícios residenciais em bairros xiitas, anunciou o major Qassim Atta, porta-voz para questões de segurança na capital.
Segundo o ministério do Interior, 35 pessoas morreram e 140 ficaram feridas, mas o balanço pode aumentar, já que muitas vítimas permanecem sob os escombros.
"Seis atentados com bomba foram registrados em vários bairros de Bagdá, derrubando sete edifícios", afirmara mais cedo uma fonte do ministério do Interior.
As explosões aconteceram dois dias depois dos atentados contra as embaixadas do Irã, de países árabes e de países europeus em Bagdá, que deixaram pelo menos 30 mortos e mais de 200 feridos.
Desta vez, os terroristas tomaram como alvos prédios habitados por iraquianos nos bairros de Alawi (centro), Shula, Shkuk (norte) e Shurta al-Rabia (oeste), todos com população majoritariamente xiita.
Em Alawi, um edifício de dois andares desabou sobre os moradores e sobre os clientes de um café e das lojas do térreo.
Os vizinhos e os bombeiros usavam as mãos para retirar os escombros e tentar liberar as pessoas presas, em meio ao desespero dos familiares. "Mamãe, responde, por favor", gritava uma mulher de 30 anos.
Mustafah, um jovem que participava nos resgates, identificou o corpo do vizinho Alaa, e teve que informar a morte à esposa da vítima. "Eu consegui retirá-lo debaixo dos tijolos e da areia, mas ele sangruou muito na cabeça e faleceu", explicou à mulher de Alaa, que caiu no chão.
Em Shkuk, as cenas de horror eram similares. "Às 9h15 (3h15 de Brasília) aconteceu uma explosão em uma casa perto da rua principal, e quando as pessoas se aproximaram para ver o que acontecia, outra explosão aconteceu em um prédio ao lado, de dois andares. Os mortos são moradores do edifício e pedestres", afirmou o comerciante Abu Ali, de 47 anos.
O ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, afirmou no domingo que os atentados contra as embaixadas tinham a marca da rede terrorista Al-Qaeda, pela semelhança com outros executados nos últimos meses contra hotéis e ministérios.
Segundo Zebari, os insurgentes pretendem aproveitar o "vácuo político" deixado pelas eleições legislativas celebradas há um mês, para prejudicar as negociações sobre a formação do próximo governo e espalhar a mensagem de que os terroristas continuam ativos.
As eleições de 7 de março foram vencidas pelo ex-premier laico Iyad Allawi, mas apenas por duas cadeiras de vantagem sobre o atual primeiro-ministro, Nuri al-Maliki, que questiona a validade dos resultados.
O governo dos Estados Unidos, que deve retirar as tropas do Iraque em agosto, já havia advertido contra a possibilidade de uso por parte da Al-Qaeda do vácuo de poder após as eleições.
Depois das eleições de março, o braço iraquiano da Al-Qaeda ameaçou prosseguir com a campanha de violência, com ataques aos partidos políticos.