Vaticano - A comparação feita pelo pregador da Casa Papal entre os ataques a Bento XVI pelos escândalos de pedofilia e o antissemitismo não corresponde à linha de pensamento da Igreja, declarou o porta-voz da Santa Sé à rádio Vaticano.
"Fazer uma aproximação entre os ataques contra o Papa pelo escândalo de pedofilia e o antissemitismo não é a linha seguida pela Santa Sé", afirmou o padre Federico Lombardi neste sábado.
Ele disse ainda que o pregador, o padre Raniero Cantalamessa, "quis apenas tornar pública a solidariedade com o Papa expressada por um judeu à luz da particular experiência dolorosa sofrida por seu povo". Mas ele reconheceu que "o fato de citá-la poderia suscitar mal-entendidos", emendou.
Na noite desta sexta-feira (2/4), durante a liturgia da Paixão de Cristo, o franciscano Cantalamessa, pregador da Casa Papal, leu uma carta de solidariedade ao Papa e à Igreja, que disse ter recebido de um amigo judeu.
"Com desgosto estou acompanhando os violentos e concêntricos ataques contra a Igreja e o Papa", escreveu o autor da carta. "O uso dos estereótipos, a passagem da responsabilidade e culpa pessoal para a culpa coletiva me recordam os aspectos mais vergonhosos do antissemitismo", acrescentou.
O Papa é acusado pela imprensa alemã e americana de ter acobertado casos de abusos sexuais de menores cometidos por padres quando era arcebispo de Munique e durante o período em que dirigiu a Congregação para a Doutrina da Fé.