Importantes partidos de oposição do Sudão anunciaram nesta quinta-feira um boicote total às próximas eleições, o que abrirá caminho para a reeleição do presidente Omar el Bechir, enquanto o enviado americano ao país tenta salvar a credibilidade do pleito minado por acusações de fraude.
"As forças do Consenso Nacional decidiram rejeitar e boicotar as eleições em todos os níveis", declarou Mariam al Mahdi, do Partido Umma, durante coletiva de imprensa.
Os quatro principais membros do Consenso Nacional são o Partido Umma (nacionalista), o Partido Umma-Reforma e Renovação, o Partido Comunista e o Partido Unionista Democrata (DUP).
Essas quatro formações tinham anunciado anteriormente que seus candidatos à presidência se retiraram das eleições, sem afirmar se o boicote se aplicava também às eleições legislativas e regionais.
O Sudão deve realizar, de 11 a 13 de abril, suas primeiras eleições legislativas, regionais e presidenciais pluripartidárias em 24 anos.
O movimento Umma e o DUP são os dois tradicionais pilares da política sudanesa. Terminaram respectivamente em primeiro e segundo lugar nas eleições multipartidarista de 1986. Três anos depois, foram derrotados pelo golpe de Estado militar do atual presidente Omar el Bechir.
A oposição acusa a parcialidade da Comissão Eleitoral e afirma que o partido do presidente Bechir prepara-se para encher as urnas com cédulas próprias.
Essa medida da oposição ocorre um dia depois do anúncio da retirada da candidatura de Yasir Arman, do Movimento Popular de Libertação do Sudão (MPLS, ex-rebeldes do sul) das eleições presidenciais. Ele é o principal opositor do presidente.