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Alemanha investiga pagamento de propina na venda de submarinos a Portugal

Uma investigação da Justiça alemã sobre o suposto pagamento de suborno por parte da empresa Ferrostaal para obter contratos no exterior, incluindo a venda de submarinos a Portugal, levou nesta semana à suspensão de um cônsul honorário português em Munique. O assunto causou polêmica em Portugal, onde o nome do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, foi citado nos autos da investigação. Com base em um novo depoimento de testemunhas, a procuradoria de Munique suspeita que a empresa Ferrostaal - que fabrica máquinas, ferramentas, instalações industriais e está presente no setor siderúrgico - pagou propina para vender submarinos a Portugal. Segundo a imprensa alemã, também foram feitos pagamentos indevidos para conseguir contratos na Colômbia, Argentina, Egito e Indonésia. A procuradoria de Munique investiga, entre outros, o cônsul honorário de Portugal nessa cidade, Jurgen Adolff, que teria recebido 1,6 milhão de euros (2,1 milhões de dólares) em propina para interceder na operação. Segundo a revista Spiegel, o cônsul honorário organizou em meados de 2002 "uma reunião direta" entre José Manuel Barroso, então primeiro-ministro de Portugal, e um dirigente da Ferrostaal. Lisboa suspendeu na quarta-feira Jurgen Adolff e assegurou às autoridades alemãs que estas poderiam contar com sua total cooperação nas investigações. A Justiça alemã investiga principalmente a venda de dois submarinos para Lisboa em 2004, em um contrato obtido por um consórcio alemão (GSC), do qual fazem parte os estaleiros HDW e Ferrostaal, empresa detida em 70% pelo Fundo IPIC de Abu Dhabi e em 30% pela MAN. A procuradoria foca há tempos nos supostos subornos pagos pela Ferrostaal na época em que a empresa pertencia ao grupo MAN. Segundo a imprensa portuguesa, a procuradoria de Munique investiga a existência de empresas fantasmas que teriam servido para o pagamento de propina em Portugal para intermediários da Marinha, para membros da indústria e até para a administração do governo Barroso. Mais de 30 milhões de euros (40 milhões de dólares) de comissões ocultas poderiam ter sido distribuídas, segundo jonral Suddeutsche Zeitung de Munique.