O Vaticano saiu em defesa do Papa Bento XVI, acusado nesta quinta-feira (25/3) pelo jornal New York Times de ter acobertado no passado os abusos de um padre americano pedófilo, ao afirmar que ele só teve conhecimento dos fatos quando era tarde, quando o sacerdote era velho e estava doente.
[SAIBAMAIS]Segundo o NYT, Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Fé nos anos 1990, abriu mão de iniciar os trâmites contra um padre acusado de ter maltratado quase 200 crianças surdas em uma escola do Wisconsin (norte dos Estados Unidos) entre 1950 e 1972.
Na resposta ao jornal, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, ressalta em um comunicado que se recorreu à Congregação pela primeira vez no fim dos anos 90, "quando já haviam transcorrido mais de duas décadas desde que os abusos foram denunciados aos dirigentes da diocese e da polícia".
Lombardi recordou que as autoridades civis americanas investigaram o padre Lawrence Murphy nos anos 70, após as acusações das vítimas, mas acabaram abandonando o processo.
"É importante ressaltar que o assunto canônico apresentado à Congregação não tinha relação alguma com qualquer procedimento civil ou penal contra o padre Murphy", destaca o texto.
O caso chegou ao Vaticano por uma violação do sacramento da penitência, já que alguns abusos foram cometidos no confessionário.
"Como o padre Murphy era velho, tinha saúde ruim, vivia recluso e não havia nenhuma informação sobre eventuais abusos durante os últimos 20 anos, a Congregação para a Doutrina da Fé sugeriu ao arcebispo de Milwaukee que restringisse as atividades religiosas do padre Murphy e pedisse ao religioso que aceitasse a plena responsabilidade pela gravidade de seus atos", completa a nota divulgada pelo Vaticano.