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Detido marinheiro por 600 crimes e voos da morte na ditadura argentina

Um marinheiro aposentado foi detido pelo crime de torturas e homicídios contra 600 prisioneiros e por participar dos "voos da morte" na ditadura argentina (1976-1983), nos quais os prisioneiros eram jogados vivos no mar, informou uma fonte judicial, nesta terça-feira (23/3), à AFP.

Carlos Galián (64 anos), conhecido como ;Pedro Bolita;, é "acusado de violações aos direitos humanos durante sua atuação na Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), entre 1976 e 1978, contra pelo menos 600 pessoas", disse a fonte do tribunal encarregado da causa, que pediu para ter sua identidade preservada.

A detenção ocorreu na segunda-feira, enquanto se discutia o julgamento por crimes contra humanidade de outros 16 repressores da ESMA, um campo de extermínio emblemático do regime, entre eles o ex-capitão Alfredo Astiz, pelos desaparecimentos das freiras francesas Alice Domon e Leonie Duquet.

Galián estaria vinculado com os chamados "voos da morte", pelos quais os prisioneiros políticos que estavam na ESMA eram atirados de aviões da Marinha sobre o mar.

Ele foi detido na segunda-feira em uma casa na localidade de Ciudadela (periferia oeste), após "um reconhecimento múltiplo" de sobreviventes da ESMA, acrescentou o informante.

O homem será interrogado na quinta-feira e pode ser incluído em um futuro julgamento por causa dos voos da morte, segundo outra fonte do tribunal.

Cinco mil opositores passaram pelas prisões do campo de concentração da ESMA, dos quais apenas cem sobreviveram. Trinta mil pessoas desapareceram durante o regime militar, segundo entidades humanitárias.