Rio de Janeiro e Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta terça-feira (23/3), no Rio de Janeiro, que o setor privado poderia ;facilitar; a troca de urânio entre o Irã e um terceiro país, fazendo avançar um acordo proposto a Teerã no ano passado pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). De acordo com ele, o obstáculo está na "falta de confiança" de alguns países em relação ao Irã.
;Isso você faz até numa transação privada. Acho que não é uma coisa impossível se houver vontade política", disse o ministro, depois de reunião com o diretor-geral da Aiea, Yukiya Amano.
Amorim reforçou a posição da chancelaria brasileira de que há espaço para novas conversas com o Irã. ;Lembremos do Iraque, acusado de possuir armas nucleares, e só depois de 200 mil mortos se constatou que não havia nada;, disse Amorim, acrescentando que ;recentes declarações me fazem crer que a distância não é grande entre a proposta da agência e o que o Irã defende;.
Amorim sugeriu que o Irã entregue seu urânio para enriquecimento por parte de outro país, uma espécie de ;depositário;. Seria, na sua opinião, uma forma de dar prosseguimento às discussões internacionais sobre o programa nuclear iraniano.
O que circula nos meios internacionais é que a agência patrocinaria a ideia de um acordo sobre fornecimento de urânio à base de um controle sobre esse comércio, evitando que países ;irresponsáveis; tenham acesso ao material para produzir bombas nucleares.
Amano afirmou ainda que existe um convite "em aberto" para que visite o Irã. Segundo ele, a visita será realizada no momento apropriado. ;Não posso ir até lá apenas para dizer oi. É preciso alguma coisa para ser discutida;, afirmou.