O segundo maior movimento de insurgentes islamitas depois dos talibãs no Afeganistão, liderado pelo ex-primeiro-ministro Gulbuddin Hekmatyar, foi a Cabul propor um plano de paz ao presidente Hamid Karzai, que tem dificuldades para lançar negociações com os talibãs.
"Uma delegação incluindo dirigentes do Hezb-e-Islami está em Cabul com uma proposta de plano de paz de 15 pontos", declarou nesta segunda-feira Haroon Zarghon, porta-voz do movimento, em uma entrevista por telefone concedida a um correspondente da AFP em Asadabad (leste).
Um dos pontos exige um "calendário claro de retirada" das forças internacionais, o que marca um mudança de postura notável do velho senhor da guerra Hekmatyar. No dia 22 de janeiro ele havia anunciado que estava aberto ao diálogo de paz, mas impondo a retirada dos soldados estrangeiros como condição indispensável para a abertura de negociações.
[SAIBAMAIS]"Confirmo que um encontro entre uma delegação do Hezb-e-islami e o presidente ocorreu há alguns dias", declarou Waheed Omar, porta-voz de Karzai. "Ele apresentaram um plano de paz, uma proposta, e o presidente a estuda", acrescentou.
Primeiro-ministro por pouco tempo em duas oportunidades nos anos 90, Hekmatyar está na "lista negra" da ONU ao lado do mulá Omar, chefe supremo dos talibãs.
Washington o considerou um "terrorista" em 2003 e o procura por ter participado e apoiado ações praticadas pela Al-Qaeda e pelos talibãs, segundo o Departamento de Estado.
Hekmatyar foi um dos principais líderes da resistência ao Exército Vermelho e maior benefciado da ajuda financeira e armamentista da CIA de 1979 a 1989, período de ocupação do Afeganistão pelas forças soviéticas.
O Hezb-i-Islami mantém hoje ligações ambíguas com os talibãs, aliando-se ao grupo em algumas províncias, e o combatendo em outras.
"Nosso plano de paz possui 15 pontos, um deles é estabelecer um calendário claro de retirada das forças estrangeiras e um outro é instituir um governo interino" no poder, indicou o porta-voz do Hezb-i-Islami.
O Hezb-i-Islami estimulará os talibãs a se engajarem nas negociações "para o bem e a prosperidade do país", assegurou Zarghon.
O presidente Karzai, que defende publicamente a realização de negociações de paz com os talibãs, apresentou em janeiro um plano de "reconciliação", propõe dinheiro e trabalho aos insurgentes arrependidos e postos de responsabilidade a seus chefes, incluindo o mulá Omar, o que Washington rejeita.