O presidente do Chile, Sebastián Piñera, que, em uma semana no poder, herdou um país numa situação caótica após um terremoto seguido de tsunami, vários tremores secundários e um apagão generalizado, confirmou a imagem de homem de ação, visitando as áreas mais devastadas, confirmou a AFP.
"Foi uma semana complexa e intensa. Piñera respondeu bem. Cometeu erros, mas, num contexto de terremotos e apagões, sobreviveu à primeira semana bastante bem", comentou o analista político Patricio Navia.
A era Piñera começou no último dia 11 de março, numa solenidade de posse que será para sempre lembrada, já que se realizou em meio a um alerta de tsunami, após fortes réplicas que sacudiram o Congresso de Valparaíso poucos minutos antes da cerimônia.
No mesmo dia, o presidente precisou cancelar várias de suas atividades protocolares - incluindo um almoço com presidentes convidados de outras nações - e partiu de helicóptero às cidades de Rancagua e Constituição, para avaliar as medidas de reconstrução do país.
"Piñera quer se mostrar um presidente que mantém a situação sob controle e realizador. A imagem do helicóptero confirma isso. Além disso, é consistente com o que foi em toda a sua carreira. Não está inventando um personagem novo", explica Navia.
Mais tarde, percorreu as áreas devastadas junto com alguns de seus ministros, todos identificados com casacos vermelhos, imagens que, segundo o analista político Guillermo Holzmann, "dá sentido de equipe e de urgência".
Já o advogado Hermógenes Pérez de Arce acredita que "o excessivo protagonismo midiático do presidente e o uso de artifícios publicitários como os casacos vermelhos, trazem lembranças negativas do regime de Chávez na Venezuela".
Entretanto, o advogado e analista político Ricardo Israel afirma que "é o mesmo Piñera atuando como candidato, político e empresário, uma pessoa que trabalha muito, um pau para toda obra".>
No Chile, Piñera é conhecido como um homem ativo que, além de ser bom para os negócios e a política, se atreve a jogar futebol e tênis em público, além de percorrer seus campos do sul a cavalo.
[SAIBAMAIS]Na noite do último domingo, um extenso apagão que afetou 90% do Chile, incluindo Santiago, colocou à prova a ação do novo governo.
"Foi uma prova de fogo complexa, mas o presidente resistiu. Agora, os governos não são corridas de 100 metros, são maratonas. Mas, no início da corrida, Piñera conseguiu se sair bem nos momentos difíceis. Isso é bom para ele", acrescenta Navia.
Israel expressa que "segue pendente o conflito de interesses de alguns de seus ministros, além da situação de Piñera com a LAN, mas esses assuntos passaram para segundo plano ante a sua posse e a reconstrução do país".