Familiares de 20 vítimas fatais da tsunami que varreu a costa chilena processarão as autoridades do Estado, que não alertaram as pessoas a tempo e chegaram até a descartar a ocorrência de um maremoto após o tremor de 8,8 graus de intensidade que sacudiu o país em 27 de fevereiro, deixando centenas de mortos.
"Até o momento, fiz contato com familiares de pelo menos 20 vítimas de várias partes do país, afetadas pela tsunami. Com eles, vamos estudar o tipo de ações legais que tomaremos", disse nesta quinta-feira à AFP o advogado Alfredo Morgado, que assumirá o caso.
Os primeiros a dar entrada no processo foram dois homens que passavam férias no porto de Dichato (sul), junto com as esposas, e que fugiram para as colinas após o tremor, pensando que poderia ocorrer um maremoto.
[SAIBAMAIS]No entanto, após escutarem por rádio um comunicado do Departamento Nacional de Emergência (Onemi) e declarações da então presidente, Michelle Bachelet, descartando o risco de uma tsunami, os quatro voltaram para a casa. Em seguinda, a grande onda veio e matou as duas mulheres.
Incentivados pela iniciativa, outros parentes de vítimas da tragédia entraram em contato com o advogado Morgado, que defende os primeiros demandantes, para solicitar a punição dos responsáveis pelo que consideram ter sido uma negligência.
Várias autoridades chilenas reconheceram a existência de falhas no procedimento de alerta da madrugada de 27 de fevereiro, após o forte terremoto, e o fato provocou a saída do diretor do Serviço Oceanográfico da Marinha Armada (SHOA), Edmundo González, e da diretora da Onemi, Carmen Fernández.
A promotoria chilena investiga o ocorrido nos serviços de informação de emergências e catástrofes, que falharam em alertar a população sobre a tsunami. A tragédia deixou 800 mortos e desaparecidos, um número que ainda pode ser revisto.