O presidente boliviano, Evo Morales, convidou nesta quarta-feira (17/3) os membros da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) das Nações Unidas a irem à Bolívia para mascar folhas de coca, porque assim se tornarão "mais inteligentes e sadios".
O presidente reagiu desta maneira a uma solicitação feita pela JIFE, que afirma que a Bolívia deve educar seus cidadãos para que evitem mascar a folha de coca, uma prática ancestral do país e que se estende ao Peru, Equador e ao norte argentino. Morales ainda acrescentou: "Todos os que mascam sabem que a coca é medicina e alimento".
Morales, um líder dos cultivadores de coca, discordou da posição do organismo das Nações Unidas, durante um discurso público realizado no povoado agrícola de Caranavi, ao norte de La Paz.
A posição da JIFE - segundo explicações na Bolívia - se sustenta na Convenção de Viena de 1961, que obriga o país sul-americano a erradicar toda a coca por considerá-la uma droga, mesmo em seu estado natural, e a eliminar a prática de mascar a planta.
Depois acrescentou, em referência ao pedido da JIFE: "É impossível que eu lhes diga (aos bolivianos) que não masquem coca; mas sim, masquem coca".
Segundo o presidente, o primeiro indígena a chegar ao cargo desde a fundação da Bolívia em 1825, "os que mascam coca governam melhor e aí estão os resultados" nos setores político, econômico e social.
A Bolívia possui cerca de 30.500 hectares plantados de coca - reconhecidos por La Paz - dos quais apenas 12 mil são legalizados para consumo, usados no preparo de infusões e nos rituais religiosos andinos.