O Papa Bento XVI está determinado a adotar novas medidas contra os padres pedófilos que podem constar na carta pastoral que prepara para o episcopado da Irlanda, afirmou o arcebispo Rino Fisichella.
Bento XVI não está parado ou preso em uma torre diante da avalanche de casos de pedofilia que envolvem a Igreja Católica, afirmou Fisichella, presidente de Academia Pontifical pela Vida.
"É uma pessoa clara, determinada, extremamente lúcida em sua análise, uma lucidez que o leva a tomar as medidas necessárias", declarou Fisichella ao jornal Corriere della Sera.
Segundo o arcebispo, a carta pastoral que o Papa deve enviar ao episcopado irlandês, questionado desde o fim de 2009 por ter acobertado durante décadas abusos sexuais cometidos por religiosos, será "uma nova ilustração de suas posições claras, determinadas, sem vontade de dissimulação".
Os casos de pedofilia revelados nas últimas semanas, em particular na Alemanha, Áustria, Holanda, Suíça, "prejudicam o conjunto da Igreja", disse, antes de destacar: "A intolerância total para nós não é facultativa, é uma obrigação moral", destacou Fisichella.
As novas medidas que o Papa deve anunciar podem, segundo o arcebispo, que também é um dos teólogos italianos mais reputados, se inspirar na experiência americana, 10 anos depois do escândalo de pedofilia que envolveu a Igreja no país.
"Vi aqui um discernimento muito mais seletivo na escolha dos candidatos (ao sacerdócio) e um envolvimento sem precedente na formação acadêmica e espiritual", explicou Fisichella, entrevistado quando estava nos Estados Unidos.
Segundo o teólogo, as gerações anteriores de seminaristas perderam a noção da importância da espiritualidade. "A partir dos anos 1960 se difundiu uma cultura que considerava que tudo era aceitável".
Sobre o celibato, Fisichella explicou que os padres "não são frustrados". "Fazemos uma escolha livre de devoção e de amor para a Igreja e os que nos são confiados", disse.
"A grande maioria dos sacerdotes vivem esta dimensão felizes e de maneira séria", concluiu.