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Guerra de cartéis mata mais de 60 pessoas no México

A violência deu o tom do fim de semana no México. Mais de 60 pessoas morreram, entre sábado (13/3) e domingo, por causa de confrontos entre traficantes de drogas em vários estados mexicanos. Entre as vítimas estão dois norte-americanos, o que provocou reação imediata do presidente Barack Obama e a exigência de que os assassinos sejam presos. A repercussão internacional também foi grande, especialmente pela onda de ataques em Guerrero, onde está localizado o balneário de Acapulco, paraíso turístico. Mesmo com a mobilização de 50 mil militares para combater a criminalidade, as mortes ligadas à guerra do narcotráfico têm se tornado uma constante no país. [SAIBAMAIS]Na madrugada de ontem, 10 pessoas - nove eram suspeitos de serem pistoleiros de gangues - foram assassinadas na entrada da cidade turística. Os bandidos estavam envolvidos em um tiroteio que começou às 5h50 (8h50 em Brasília) e durou aproximadamente meia hora. A décima vítima, uma mulher de 23 anos, foi alvejada na cabeça por uma bala perdida enquanto viajava em um táxi. O confronto entre os criminosos, alguns portando armamento pesado, assustou o local que recebeu, no fim de semana, 6 mil turistas por conta de um feriado. A guerra envolvendo traficantes de drogas em Guerrero, sul do México, não é um fato novo. Naquela área está concentrado o cartel de narcotraficantes batizado de La Família. O grupo, conhecido por ser extremamente violento, tem ganhado mais força nos últimos anos com a fabricação e a distribuição de grandes quantidades de drogas sintéticas. Quase 19 mil pessoas integram a quadrilha, que foi incluída, no ano passado, na lista das principais ameaças aos Estados Unidos. Chacinas Na sexta-feira e no sábado também foi registrado um alto número de homicídios em localidades próximas a Acapulco. Anteontem, no intervalo de 12 horas, seis policiais e 11 civis foram mortos na região. Na zona norte do estado, outras 11 pessoas morreram. Na sexta, o jornalista Evaristo Solís morreu em uma emboscada perto da capital, Chilpancingo. A violência continuou em outros estados. No mesmo dia, uma outra chacina, em Navolato, deixou oito mortos. Eles e mais 22 pessoas estavam dentro de casa participando de uma comemoração quando o local foi invadido por homens armados com fuzis. Depois de obrigar os 30 presentes a se deitarem no chão, eles atiraram nas vítimas. Obama indignado Uma funcionária de um consulado norte-americano no México foi assassinada a tiros junto com o marido, em Ciudad Juárez, que faz fronteira com os Estados Unidos, na tarde de sábado, por pessoas ligadas ao tráfico de drogas da região. O presidente Barack Obama reagiu com "indignação" e, por meio de um comunicado oficial, avisou que vai trabalhar com o governo mexicano para que os responsáveis sejam punidos. A nota divulgada pela Casa Branca ressaltou, ainda, que o marido (mexicano) de outra funcionária consular também foi morto no episódio. A região onde o crime ocorreu é conhecida pela disputa sangrenta entre traficantes de drogas. Desde 2006, segundo o governo dos Estados Unidos, cerca de 18 mil pessoas morreram em episódios de violência relacionados ao narcotráfico. O combate à criminalidade no México, umas das principais bandeiras do governo do presidente Felipe Calderón, tem feito tantas vítimas que a embaixada norte-americana aconselhou aos cidadãos que evitem viagens menos importantes a alguns estados mexicanos. Como medida de segurança, para evitar que outros funcionários sofram com a violência no México, o Departamento de Estado autorizou ontem os norte-americanos que trabalham em seis consulados no norte do país a retirarem a família da região. Até 12 de abril, essas pessoas devem ir embora das cidades de Tijuana, Nogales, Ciudad Juárez, Novo Laredo, Monterrey e Matamoros.