Uma onda de atentados suicidas reivindicados pelos talibãs deixou pelo menos 35 mortos em Kandahar (sul do Afeganistão), segundo um novo balanço oficial divulgado neste domingo (14/03), em um dos maiores ataques coordenados pelos insurgentes islâmicos nos últimos anos.
Vários pontos da cidade de Kandahar foram afetados por sete explosões a partir da noite de sábado.
O ministério do Interior informou que entre as vítimas fatais estão policiais e civis, entre elas 10 pessoas - incluindo crianças e mulheres - que assistiam a um casamento.
"No total, 35 pessoas morreram, 13 policiais e 22 civis", afirmou o porta-voz do ministériom, Zemarai Basheri.
Ele disse ainda que os ataques deixaram 57 feridos, 40 civis e 17 policiais.
Pelo menos quatro fortes explosões foram ouvidas em uma área da cidade onde se encontram a sede da polícia e outros edifícios oficiais, seguidas por disparos de armas leves.
A cidade de Kandahar, terceira maior do Afeganistão e reduto dos talibãs, é decisiva para o controle do país.
Um porta-voz dos talibãs, Yusuf Ahmadi, reivindicou os atentados em série e disse que o primeiro deles teve como alvo a prisão central de Kandahar. Os demais atingiram outros prédios governamentais.
Uma fonte policial, que pediu anonimato, afirmou que um dos ataques aconteceu perto da prisão provincial e outro nas imediações da Mesquita Vermelha.
A casa de Walid Karzai, irmão do presidente Hamid Karzai e diretor do Conselho Provincial de Kandahar, fica perto da mesquita.
Walid Karzai é um personagem polêmico, acusado por muitos afegãos de envolvimento com diversos tipo de tráfico, incluindo o de drogas.
Uma nova explosão aconteceu na manhã deste domingo, perto do escritório de uma empresa de construção japonesa em Kandahar. Cinco funcionários ficaram feridos, sendo quatro paquistaneses e um afegão.
O porta-voz dos talibãs afirmou que os atentados suicidas são a resposta aos comentários do comandante das forças americanas e da Otan no Afeganistão. O general americano Stanley McChrystal afirmou que Kandahar será o centro de uma ofensiva militar para erradicar os talibãs.
"Esta é a resposta ao general McChrystal", disse Ahmadi. Ele completou que os atentados demonstram que os talibãs "podem atacar quando e onde quiserem".
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, afirmou recentemente durante uma visita ao Afeganistão que as tropas de Kandahar seriam a "ponta de lança" no combate contra os talibãs.
A série de atentados suicidas acontece no momento em que são aguardados dezenas de milhares de reforços militares para as tropas internacionais presentes no Afeganistão, como parte da nova estratégia dos Estados Unidos de acelerar a luta contra a insurgência talibã.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e os aliados da Otan pretendem aumentar este ano de 121.000 a 150.000 o número de militares presentes no país.
Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão no fim de 2001 e derrubaram o regime talibã, poucas semanas depois dos atentados terroristas de 11 de setembro em Nova York e Washington.