A China reagiu energicamente nesta sexta-feira (12/3) às críticas americanas sobre os direitos humanos no país asiático e à cotação do yuan, e acusou Washington de ingerência, em um contexto de crescente tensão nas relações entre os dois países.
[SAIBAMAIS]Menos de 24 horas depois das críticas, a China defendeu sua posição frente aos Estados Unidos nas duas questões, que constituem um tema constante de discórdia em suas relações.
As relações Washington-Pequim atravessam uma zona turbulenta há alguns meses por uma série de fatores: a venda de armas americanas a Taiwan, a reunião do presidente Barack Obama com o Dalai Lama e os ataques de chineses contra o site de busca Google.
"Os Estados Unidos voltam a tomar para si o papel de juiz mundial com relação aos direitos humanos", afirma o Conselho de Estado (governo) em um documento de resposta aos EUA.
Pelo 11º ano consecutivo, o Conselho de Estado publica um documento sobre a situação dos direitos humanos nos Estados Unidos, no qual acusa Washington, "que publica um relatório cheio de acusações sobre a situação dos direitos humanos em 190 países (...) de fechar os olhos, esquivar ou até mesmo ocultar as próprias violações dos direitos humanos em seu território".
"Os Estados Unidos usam os direitos humanos como um instrumento político para interferir nos assuntos internos de outros países, sujar a imagem de outras nações e alimentar os próprios interesses estratégicos", completa o 'contrainforme' de Pequim.
A China acusa os Estados Unidos, onde surgiu a crise econômica mundial em 2008, de ter provocado um "desastre no que diz respeito aos de direitos humanos", de outorgar à imprensa uma liberdade relativa ("de acordo com seus interesses") e de restringir as liberdades individuais com o arsenal de segurança instaurado desde os atentados de 11 de setembro de 2001.
O documento foi publicado um dia após a publicação do relatório anual do Departamento de Estado americano sobre a situação dos direitos humanos no mundo, que mais uma vez traz críticas à China.
Poucas horas antes de reagir ao informe, a China também havia rejeitado categoricamente "a politização" da questão do valor do yuan, um dia depois de um pedido de Obama a favor de uma taxa de câmbio chinesa "mais orientada pelo mercado".
"Não concordamos com a politização da questão do valor do yuan", declarou o vice-presidente do Banco Central, Su Ning.
"Também não concordamos que um país queira ver seus próprios problemas solucionados por outro. Pensamos que a questão da taxa de câmbio não ajudará a diminuir nem aumentar nossos excedentes e déficits comerciais", acrescentou Su Ning.
Os sócios comerciais da China, começando pelos Estados Unidos, pressionam por uma valorização do yuan, pois consideram o valor da moeda chinesa artificialmente baixo, o que dá vantagem competitiva a Pequim. O país asiático se tornou o maior exportador mundial, apesar da crise.
Por outro lado, a China advertiu nesta sexta-feira o site de busca Google, afirmando que o mesmo ficará exposto a "consequências" caso deixe de filtrar os resultados de busca em seu portal chinês Google.cn.
"Apoiamos a expansão (do Google) na China", disse o ministro de Indústria e Tecnologia da Informação, Li Yizhong, à margem da reunião anual plenária do Parlamento.
"Mas, se violar as leis chinesas, isso será uma atitude hostil e irresponsável, e (o Google) certamente se responsabilizará por suas consequências", acrescentou Li.
As autoridades chinesas controlam os meios de comunicação e exigem que os resultados das buscas sejam filtrados para excluir os veículos que apresentam conteúdos contrários a Pequim.