Sebastián Piñera, empresário bilionário de 60 anos, assume nesta quinta-feira (11/3) a presidência do Chile, em meio à tarefa de reconstrução de um país devastado há menos de duas semanas por um terremoto, seguido de tsunami.
Piñera receberá o comando do país da presidente Michelle Bachelet em solenidade marcada para as 12H00, na sede do Congresso, em Valparaíso, 120 km a oeste de Santiago, e em sua primeira atividade como presidente em exercicio, viajará à cidade litorânea de Constitución - a mais afetada pela tragédia.
O governo Piñera será o primeiro de direita desde o final da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), depois dos 20 anos em que governou sem interrupção a "Concertación", uma coalizão de quatro partidos de centro-esquerda.
Um dos grandes desafios para o novo mandatario será substituir Bachelet, que deixa o poder com popularidade de 84%, graças aos grandes projetos sociais instaurados no país e a um carisma capaz de fazer com que seus erros sejam perdoados, entre eles a reação tardia ao terremoto.
[SAIBAMAIS]O novo presidente prometeu dar continuidade a esses programas, com um gabinete onde predominam empresários (inclusive a chancelaria); mas, qualquer polêmica sobre este fato, passa para um segundo plano, ante o formidável trabalho de reconstrução que recairá sobre o novo presidente.
De fato, Bachelet disse há alguns dias que a reconstrução deverá durar todos os quatro anos do mandato de Piñera.
Além do lado humanitário, com mais de 800 mortos ou desaparecidos, o maior impacto econômico del terremoto incidirá, principalmente, sobre os primeiros meses do mandato, segundo os especialistas.
O ano de 2010 era visto como o da recuperação econômica depois da crise financeira internacional, que golpeou com força o Chile em 2009 (crescimento de -1,7% do PIB), com uma previsão de desenvolvimento entre 4,5 e 5,5%.
Agora, os analistas consideram que o sismo poderia custar ao país 3 pontos de seu crescimento no primeiro semestre e um ponto durante todo o ano, assinalando que a reconstrução também poderá converter-se em motor para a economia, devido à quantidade de empresas e de postos de trabalho envolvidos, num país onde o desemprego registra 9%.
Nos primeiros cálculos, já se fala em 1,2 bilhão de dólares para a reparação de pontes, assim como em 3,6 bilhões para a reconstrução de hospitais destruídos.
O Chile está, no entanto, bem preparado para a contingência, com 15 bilhões de dólares de recursos remanescentes das exportações de cobre.
"Não seremos o governo do terremoto, mas o governo da reconstrução", afirmou Piñera, confirmando que pedirá ao Congresso modificações no orçamento para ajustar-se "à realidade e às necessidades" da catástrofe.
Para o sociólogo Eugenio Tironi, a reconstrução, de um ponto de vista estritamente político, poderá favorecer Piñera.