A Marinha chilena destituiu ontem o diretor do Serviço Hidrográfico e Oceanográfico (SHOA), questionado por não ter passado informação clara e precisa sobre o tsunami que se seguiu ao terremoto do último sábado. ;O comandante em chefe da Marinha resolveu afastá-lo do cargo de diretor do Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Armada;, segundo um comunicado oficial do próprio Shoa. O texto afirma ainda que foi decidida ;a realização de investigação técnica, destinada a determinar responsabilidades e esclarecer as circunstâncias derivadas do processo de tomada de decisões, assessoria e desempenho técnico, em resposta à catástrofe natural que afetou o país;. Para o cargo, foi designado Patricio Carrasco Hellwig.
O Shoa e o Departamento Nacional de Emergência (Onemi) haviam sido fortemente questionados por uma série de ordens e contraordens sobre um alerta de tsunami na madrugada de sábado. O organismo da Marinha descartou um alerta, horas depois do terremoto. No entanto, ondas de até 40m de altura arrasaram várias aldeias litorâneas. A Marinha havia admitido que deu ordens pouco claras e precisas sobre a situação do mar.
Restruturação
Às vésperas de tomar posse, o presidente eleito Sebastián Piñera também anunciou uma profunda restruturação do Onemi. De acordo com ele, o objetivo é aprimorar o sistema de alerta prematuro e a coordenação entre as Forças Armadas e as autoridades civis. Piñera criticou o fato de os militares chilenos terem demorado mais de 30 horas para chegar às regiões devastadas. ;Tínhamos aviões prontos para decolar desde o primeiro momento, mas nunca recebemos a ordem;, garantiu Ricardo Ortega, comandante em chefe da Força Aérea. O governo, por sua vez, respondeu com uma nova crítica: o Palácio La Moneda denunciou que Bachelet precisou aguardar seis horas para se dirigir às regiões do Maule e de Bío Bío, por causa da inépcia dos militares.
Bachelet comentou ontem que a cerimônia de posse de Piñera, na próxima quinta-feira, será ;austera e simples;, a fim de priorizar a resposta ao desastre. ;Temos a determinação de realizar uma cerimônia mais singela e garantir a manutenção das condições de distribuição da ajuda humanitária em várias zonas do país;, afirmou a presidenta.