O terremoto e o maremoto que atingiram o Chile fazendo pelo menos 802 mortos puseram à prova o país como nação, afirmou nesta quinta-feira (4/3) a presidente Michelle Bachelet, ao visitar a cidade de Concepción (centro-sul), a segunda do país e uma das mais devastadas.
[SAIBAMAIS]"Isto nos está pondo à prova como nação, mais uma vez. O Chile vai voltar a ficar de pé. Foi horrível o que nos aconteceu, de dimensões colossais", disse, ao deter-se para conversar com socorristas e supervisionar os descarregamentos de ajuda.
Enquanto caminhava, ao lado de trabalhadores voluntários, assistentes, policiais e populares, negou com ênfase que seu governo tenha recusado ajuda internacional num primeiro momento do sismo de 8,8 graus, que destruiu 1,5 milhão de edifícios.
"Queríamos ter, em primeiro lugar, uma ideia mais clara das necessidades", como hospitais de campanha ou equipamentos de purificação da água, explicou.
Num país que viveu durante 17 anos sob ditadura militar, até 1990, Bachelet destacou "os exemplos de solidaridade e heroísmo demonstrados por carabineiros, forças armadas, bombeiros".
Elogiou também a solidaridade entre vizinhos, considerando os saques e assaltos, que em Concepción forçaram a imposição do toque de recolher, "aspectos sombrios" da sociedade. "São atos absolutamente delinquentes. Junto com os carabineiros e as forças armadas conseguimos restaurar a ordem pública", afirmou.
Sobre as críticas em relação aos atrasos no envio de ajuda humanitária, disse que "os alimentos estão chegando, restabelecendo-se a ligação" nas regiões afetadas de Maule e Biobío.
"Não houve grandes demoras, estivemos no terreno pouquíssimas horas depois, na própria zona de catástrofe", afirmou Bachelet.
Concepción foi a cidade com maiores cenas de violência, quando vândalos saquearam e incendiaram lojas, enquanto os vizinhos organizavam sua própria defesa armada.
Bachelet também afirmou que a reconstrução no Chile após o terremoto de 8,8 graus de sábado e o posterior tsunami vai demorar pelo menos três anos, sem revelar um valor preciso dos danos.
O presidente eleito Sebastián Piñera assumirá o poder em 11 de março para um mandato de quatro anos. "O Chile tem recursos para uma quantidade de ações, mas vamos ter que pedir crédito ao Banco Mundial e outras instituições", afirmou a presidente.
"Há zonas rurais em que tudo está no chão, há destruição de infraestrutura. Milhares de chilenos perderam não apenas entes queridos, mas suas casas e pertennces, há empresas que sofreram perdas importantes", relatou Bachelet.